Título: SÓCIO DA DASLU É PRESO EM SÃO PAULO
Autor: Ronaldo D'ERcole
Fonte: O Globo, 02/06/2006, Economia, p. 29

Piva de Albuquerque é irmão de Eliana Tranchesi e suspeito de fraude

SÃO PAULO. O empresário Antonio Carlos Piva de Albuquerque, sócio e diretor financeiro da Daslu, foi preso ontem de manhã por agentes da Polícia Federal em sua casa, no bairro do Morumbi, em São Paulo. A prisão preventiva foi pedida pelo procurador Matheus Baraldi Magnani, do Ministério Público Federal, responsável pela denúncia que deu origem ao processo criminal, no qual Piva de Albuquerque e sua irmã e sócia na Daslu, Eliana Tranchesi, são réus.

Segundo o procurador Magnani, houve "reiteração criminosa" e Piva de Albuquerque estaria tentando "comprometer o andamento útil do processo", além de tentar "ocultar-se para não receber intimações do processo judicial".

O empresário já havia sido preso durante a Operação Narciso, deflagrada pela Polícia Federal, junto com a Receita, em 13 de julho do ano passado, a partir de indícios da existência de um esquema de fraudes nas importações feitas para a butique. Ele ficou detido durante cinco dias na sede da PF.

Em janeiro deste ano, a Receita Federal apreendeu no aeroporto de Navegantes, em Itajaí, Santa Catarina, um contêiner com bolsas e sapatos importados. E descobriu que a importadora, a Columbia Trading, tentou encobrir com sua marca as etiquetas dos produtos, com a marca da butique. Com isso, o Ministério Público Federal voltou a denunciar a Daslu.

A carga, no valor de R$1,7 milhão, recolheria apenas R$170 mil em IPI se fosse comercializada pela Columbia. Caso fosse declarada pela Daslu, o tributo seria de R$500 mil.

"A prova da existência do crime é patente", afirmou a juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara Criminal de Guarulhos, no despacho da prisão preventiva do empresário.

Os dois irmãos e os diretores de quatro tradings que trabalhavam como importadores de produtos para a Daslu respondem a processo na 2ª Vara Federal de Guarulhos por crimes de formação de quadrilha, descaminho e falsidade ideológica. Além da prisão preventiva do empresário, ele e sua irmã tiveram os passaportes apreendidos por decisão da Justiça.

- A reiteração criminosa foi o principal motivo do pedido de prisão, porque atinge a credibilidade do poder judiciário - explicou Magnani.

Ontem, contudo, depois de passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) Central da capital, Piva de Albuquerque foi transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, onde em princípio ficará preso por tempo indeterminado.

Em nota, a Daslu diz ter sido surpreendida pela prisão de seu sócio. "A importação foi uma operação de compra e venda da Columbia Trading - empresa tradicional e conceituada nesse ramo - que a efetivou com recursos próprios", diz a nota, que prossegue: "A própria Columbia reconheceu, em nota, que foi responsável pela importação, descartando qualquer participação da Daslu na operação".