Título: `Isso significa divisas para o Brasil¿
Autor: Henrique Gomes Batista e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 05/06/2006, O País, p. 3

O deputado federal Josias Quintal (PSB-RJ), segundo vice-presidente da CPI do Tráfico de Armas, defende a redução da alíquota de exportação para armas e munição como forma de fortalecer a indústria e gerar empregos.

O senhor é favorável à redução da alíquota de exportação para armas e munição?

JOSIAS QUINTAL: Sim. Vivemos num mercado mundial competitivo. Se isso (a redução da alíquota) implica divisas e empregos para o Brasil, acho que o incentivo é adequado. Afinal, se o Brasil não exportar, outros países ocuparão esse espaço lá fora. E isso significa empregos.

Mas o incentivo à produção de armas não vai contra a política de desarmamento brasileira?

QUINTAL: O novo Estatuto do Desarmamento já estabeleceu restrições enormes. Acho que buscar uma compensação vendendo para o exterior é correto, na medida em que isso gera empregos.

O senhor não teme que as armas exportadas pelo Brasil para países vizinhos voltem ao país e alimentem a criminalidade?

QUINTAL: Esse é um falso dilema. O risco de qualquer arma brasileira voltar é o mesmo de uma Glock (marca austríaca) ou de uma Colt (marca americana). Com certeza não vai faltar arma no Paraguai nem em qualquer país limítrofe por conta das restrições de exportação brasileiras. Haverá sempre países produzindo armamentos. Assim, nunca faltarão armas para quem tem dinheiro, ainda mais num país com fronteiras com a vulnerabilidade das nossas.

Os atentados organizados por uma facção criminosa em São Paulo não sugerem uma postura mais cautelosa em relação a qualquer medida que possa facilitar o acesso de bandidos a armas?

QUINTAL: Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Os acontecimentos em São Paulo revelam a fragilidade do sistema de segurança e prisional do país. Eles podem acontecer em outros estados, porque o modelo de segurança pública do Brasil é um dos piores do mundo.