Título: SUZANE PRETENDE FALAR MUITO HOJE EM SEU JULGAMENTO, MENOS AO PROMOTOR
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 05/06/2006, O País, p. 4

Acusada quer detalhar seu namoro, mas somente a juiz e jurados

SÃO PAULO. Ao sentar-se hoje no banco dos réus, a partir de 13h, Suzane von Richthofen não pretende ficar calada. De frente para o juiz, a jovem que confessou ter planejado a morte do pai e da mãe dirá que tem muito o que contar. Nada, porém, sobre a noite de 31 de outubro de 2002 em que ela abriu as portas de sua casa para que os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos matassem Manfred e Marísia von Richthofen. Obediente à estratégia dos advogados, Suzane deve detalhar apenas a trajetória do seu romance com Daniel, seu então namorado, desde as injeções que diz ter sido obrigada a tomar para não engravidar à forma como teria sido induzida a usar drogas.

¿ Quero que saibam da minha história ¿ repetia Suzane aos advogados, que passaram o fim de semana ensaiando detalhes do julgamento.

Desde que foi posta em regime de prisão domiciliar, Suzane está no apartamento de Denivaldo Barni, um advogado que trabalhou com o pai da jovem e foi seu tutor até que ela completasse 18 anos.

Defesa pede para julgamento ser em outra cidade

A jovem combinou com os advogados que falará apenas ao juiz Alberto Anderson Filho, que presidirá o júri, e responderá a perguntas dos jurados. Ao ser interrogada pela promotoria, Suzane pedirá o direito de permanecer calada. Os advogados de Suzane ainda tentam uma manobra jurídica para adiar o julgamento. Na sexta-feira, a defesa pediu no Superior Tribunal de Justiça para que o julgamento seja transferido para outra cidade. Na opinião, dos advogados, ¿São Paulo está viciada em Suzane¿.

¿ A pressão contra Suzane é muito grande, tanto que as pessoas passam aqui na porta só para xingá-la. Numa outra cidade, esse interesse seria menor ¿ disse o advogado Mauro Otávio Nacif, que no pedido ao STJ sugeriu que o julgamento seja transferido para São José dos Campos, Ribeirão Preto ou Bauru.

Suzane e os irmãos Cravinhos foram denunciados por duplo homicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, meio cruel e ação mediante pagamento ou promessa de recompensa. A promotoria pedirá pena máxima para os três: 60 anos (30 para cada vítima).

A curiosidade em torno do julgamento é muita: mais de cinco mil pessoas se inscreveram para assistir às sessões; 80 foram sorteadas e ocuparão parte da sala de audiência, com 240 lugares. No plenário estarão parentes, advogados, policiais e jornalistas.