Título: UFBA TEM MAIS TRÊS CASOS DE FRAUDE NAS COTAS
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 03/06/2006, O País, p. 8

Irregularidades foram reveladas em cruzamento de dados

SALVADOR. O Ministério Público Federal na Bahia está investigando mais três casos de alunos que tentaram ingressar na Universidade Federal da Bahia (UFBa) fraudando o sistema de cotas. Eles chegaram a efetuar a matrícula, mas foram apanhados num cruzamento de dados. Somente este ano, foram descobertos seis casos de fraudes na instituição.

Segundo o procurador Sidney Madruga, embora procedentes de escola particulares, os três estudantes declararam à universidade que tinham estudado na rede pública de ensino, como prevê o sistema que beneficia alunos afrodescendentes e pobres. A farsa foi descoberta após o cruzamento dos documentos que eles apresentaram, no ato da matrícula, com uma relação de estudantes de escolas particulares enviadas pelo Ministério Público à universidade. Os estudantes foram aprovados para os cursos de enfermagem, pedagogia e desenho industrial.

MP também investiga uso indevido de marca da Funai

Outros três casos foram descobertos em janeiro, envolvendo dois alunos do curso de medicina e um de direito. Conforme ainda Madruga, no depoimento prestado por um desses três primeiros alunos ficou claro que o caso dele não constitui fraude. Ele teria se aproveitado de uma das muitas brechas existentes na Resolução 01/04 do Consepe (Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão) para ¿ingressar, de forma legítima, no curso pretendido¿. O Consepe disciplina o sistema de cotas da UFBa. Ainda assim o aluno foi desligado.

O MPF também apura possível so indevido do logotipo da Fundação Nacional do Índio (Funai). Num dos primeiros casos de fraude confirmados, o estudante apresentou à universidade declaração de que era descendente de índios, mas, segundo a Funai, o documento não foi assinado por pessoa ligada ao órgão. O estudante e a pessoa que assinou a declaração vão responder criminalmente por falsificação de documentos.