Título: INDÚSTRIA TÊXTIL NO COMBATE À PIRATARIA
Autor: Lino Rodrigues
Fonte: O Globo, 03/06/2006, Economia, p. 36
Em encontro com Mantega, setor diz que ajudará a evitar fraudes de chineses
SÃO PAULO. As indústrias têxteis passarão a cooperar com a Receita Federal no combate ao contrabando e às fraudes em importações de produtos de vestuário chineses. Esta foi a principal providência discutida ontem durante encontro em São Paulo que reuniu dirigentes do setor têxtil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o novo secretário de Política Econômica do Ministério, Júlio Gomes de Almeida.
¿ Estamos concluindo um convênio com a Receita para troca de informações e o esclarecimentos sobre questões técnicas que auxiliem na redução das fraudes nas importações da China ¿ disse o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de São Paulo (Sinditêxtil-SP), Rafael Cervone.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com dirigentes da indústria têxtil em Brasília. No encontro, ficou acertada a criação de uma câmara reunindo a Fazenda, o Desenvolvimento e as Relações Exteriores para, com as empresas, estudar medidas que preservem a competitividade e os empregos no setor.
Medidas envolvendo as políticas de juros, de câmbio e a isenção de impostos, porém, estão fora de questão.
¿ No caso do setor têxtil, temos um problema grave de sonegação nas importações ¿ disse Gomes de Almeida, justificando a necessidade de uma ação rápida contra as fraudes.
Números de Brasil e China não coincidem
Essas ações devem ser empreendidas independentemente de o país decidir aplicar ou não salvaguardas contra importações chinesas. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), enquanto o governo chinês declarou que o país exportou 32 mil toneladas de peças de vestuário para o Brasil em 2005, o governo brasileiro registrou o ingresso formal de apenas 19 mil toneladas.
¿ Uma harmonização estatística entre os números dos dois países é essencial ¿ disse Cervone.
O setor pediu ainda à Fazenda que a Receita utilize ¿canal vermelho¿ para todo produto têxtil chinês que passa pela alfândega brasileira, o que implicaria a conferência física e documental de toda peça de roupa oriunda da China.
Outra prioridade sugerida pelas empresas seria a desoneração da folha de pagamentos do setor, a fim de ampliar a sua capacidade de empregar. As 30 mil empresas têxteis e de confecção que existem no país empregam 1,65 milhão de pessoas, ou 14% de toda a mão-de-obra com carteira assinada da indústria.