Título: VOLUME DE CRÉDITO NO PAÍS CRESCEU 1,9% EM ABRIL
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 03/06/2006, Economia, p. 37

Estoque de empréstimos foi de R$637 bi, o equivalente a 32% do PIB, diz BC. Juros se mantêm no menor nível desde 1994

BRASÍLIA. A concessão de crédito, uma das alavancas do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto das riquezas produzidas no país) no ano, iniciou o segundo trimestre ainda mostrando fôlego, em grande parte devido à continuidade da queda da taxa de juros cobrada do consumidor, que permanece no menor patamar desde 1994. Dados do Banco Central (BC) referentes a abril mostram que o estoque total de empréstimos estava em R$637,8 bilhões, 1,9% a mais do que no mês anterior e com 20,3% de alta nos últimos 12 meses, representando 32,1% do PIB. Só com recursos livres, o volume ficou em R$431,295 bilhões, uma alta de 24,5%.

O aumento do consumo das famílias, de 4% nos três primeiros meses do ano, foi ressaltado pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, como um dos fatores que puxam o crédito, impulsionado pela melhoria na renda.

¿ A tendência é continuar esse movimento ¿ afirmou.

Ao mesmo tempo, os juros continuam perdendo força, refletindo as reduções feitas desde setembro de 2005 na taxa básica Selic, hoje em 15,25% ao ano. Tanto é que a taxa média do crédito concedido a pessoas físicas recuou 1,2 ponto percentual em abril, para 57,8% ao ano, o menor nível histórico desde o início da série, em julho de 1994.

Segundo Lopes, o movimento deveu-se sobretudo ao crédito consignado (desconto em folha de pagamento) e ao adiantamento da restituição do Imposto de Renda (IR) feito pelos bancos. Essa modalidade mais barata enquadra-se no crédito pessoal, que fechou abril com juros médios de 65,3% ao ano, queda de 2,5 pontos.

Com o reforço do adiantamento de IR no crédito pessoal ¿ cujo volume cresceu 3,2%, para R$78,08 bilhões ¿ a fatia dos empréstimos consignados recuou dentro dessa modalidade pela primeira vez: de 48,2% para 47,7%.

No crédito consignado, o destaque ficou para o aumento de 3,2% na participação dos trabalhadores da iniciativa privada no volume emprestado, somando R$4,677 bilhões. Os funcionários do setor público continuam tendo a maior fatia (R$32,553 bilhões), mas a expansão foi menor, de 2% no período. Os juros do consignado ficaram em 34,3% ao ano em abril, também o menor histórico. Por mês, a taxa média está em 2,49%, abaixo dos 2,9% de teto fixado pelo governo para aposentados e pensionistas do INSS.

Taxas de juros continuaram recuando em maio

Uma prova de que a tendência de queda nos juros está sendo mantida são os dados parciais de maio. Nos sete primeiros dias úteis, as taxas para pessoas físicas recuavam 1,8 ponto percentual, e para as jurídicas, 1,1 ponto.

Em abril, os cortes foram menores para as empresas, de 0,1 ponto, para a média de 30,6% ao ano. Mesmo assim, atingiram o menor nível desde setembro de 2004 (30,4%). A taxa média geral de juros fechou o mês em 45% ao ano, 0,7 ponto a menos que o mês anterior.

Até os spreads bancários (diferença entre a taxa de captação e a cobrada pelos bancos) caíram. O recuo foi de 0,4 ponto percentual, para 29,8 pontos. Apesar dos números mais positivos, a inadimplência cresceu 0,1 ponto em abril, para 4,7%.