Título: DECISÃO SAI APÓS REUNIÃO COM PMDB AMANHÃ
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 04/06/2006, O País, p. 9

Vice do Sudeste é importante, na avaliação de líderes

BRASÍLIA.O martelo será batido depois da reunião que Lula terá na segunda-feira, na Granja do Torto, com a cúpula do PMDB. Na conversa, os líderes peemedebistas reafirmarão que o partido não tem unidade para fazer uma coligação formal com o PT. Além disso, avaliam que Lula não pode abrir mão de um vice do Sudeste, região chave para o presidente e onde a proposta de reeleição enfrenta resistências nos setores médios da sociedade.

¿ Não existe mais a possibilidade de aliança formal. Com a verticalização, o PMDB quer ficar liberado nos estados. O vice não é questão de nomes. Se o Lula fizesse uma aliança com o PMDB poderia descartar um candidato de Minas Gerais ¿ avalia o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Mas Alencar não está se impondo apenas por causa da resistência do PT ao nome de Ciro Gomes ou diante da impossibilidade de uma aliança com o PMDB. Ele trabalhou politicamente para ficar na chapa. Seu primeiro movimento ocorreu ano passado, quando trocou o PL, que decidiu não fazer coligação formal com o PT, como fizera em 2002, pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB).

Se Alencar tivesse ficado no PL, estaria fora da chapa. O PL fará coligações com o PT em apenas oito estados. Estará em palanque oposto em 13 estados e em seis a situação está indefinida. Alencar preferiu um partido nanico, criado por políticos evangélicos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus.

Aécio recebeu Alencar no Palácio da Liberdade

O movimento seguinte ocorreu na semana passada, quando Alencar foi a Minas reunir-se com o governador Aécio Neves. O entendimento na coligação governista é que se Aécio fosse indiferente à escolha do vice não o teria recebido no Palácio da Liberdade. Ponto para Alencar, pois Aécio é praticamente o único grande tucano que mantém boas relações com Lula.

Na luta para impedir que Ciro se transformasse em vice de Lula, os petistas passaram a defender outro nome do PSB, o do ex-ministro Eduardo Campos, apresentando como vantagem o fato de que ele deixaria de ser candidato ao governo de Pernambuco. Com isso o também ex-ministro Humberto Costa (PT) teria mais chances de ir para o segundo turno contra o governador Mendonça Filho (PFL).

Decidido a não indicar o vice de Lula, o comando do PSB adotou o discurso de que Ciro seria mais útil ajudando o partido a atingir a cláusula de desempenho. Concorrendo a deputado federal pelo Ceará, Ciro poderá fazer 300 mil votos e ajudar o partido a alcançar os 5% de votos para a Câmara.

¿ Se o PSB não passar dos 5%, acaba, mesmo tendo o vice. O partido pode até querer a vice, mas não pode ser o Ciro ¿ diz o líder do PSB, deputado Alexandre Cardoso (RJ).