Título: ONGS PEDEM REFORÇO DO EFETIVO DO IBAMA E DA PF
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 06/06/2006, O País, p. 5

Controle do impacto ambiental é elogiado

BRASÍLIA. Organizações Não-Governamentais (ONGs) elogiaram ontem as medidas adotadas pelo governo para minimizar o impacto ambiental da pavimentação da BR-163, mas temem que o esforço do governo fique pela metade, caso não seja reforçada na região a presença de agentes do Ibama e da Polícia Federal. Entidades como o Greenpeace e o WWF-Brasil consideram positiva a criação de unidades de conservação ao longo da rodovia para evitar que a melhoria da estrada deixe um rastro de grilagem e desmatamento.

¿ As unidades de conservação têm que ter pessoal, dinheiro e vigilância. Ou seja, a máquina do Estado deve estar presente. É verdade que temos que dar um crédito ao governo pelo grande esforço de criar o plano de preservação e ouvir a sociedade. Mas o desafio agora é garantir que o plano se concretize ¿ disse o coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario.

Para o coordenador do Programa Áreas Protegidas do WWF-Brasil, Claudio Maretti, a criação de unidades de conservação inibe a grilagem, ao deixar claro que as terras pertencem à União. Mas só isso não basta, segundo ele.

¿ Há ações que não estão ocorrendo. A presença física do Ibama, da Polícia Federal e de agentes do Estado é muito tênue na região. A comunidade reclama de ameaças. A cada semana um trabalhador rural é ameaçado ou morto ¿ disse Maretti.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a retomada das obras em dois trechos, cuja pavimentação será feita pelo Exército, e a assinatura até o final do ano de acordos com a iniciativa privada. A obra está orçada em R$1,1 bilhão.

A BR-163 é uma estrada polêmica, que atravessa a Amazônia, de Santarém (PA) a Cuiabá (MT). Tanto Lula como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmaram que o governo ¿fez o dever de casa¿, tomando as medidas para garantir a preservação da região atingida, com a criação do Distrito Florestal Sustentável da BR-163, reservas e unidades de conservação.

A licença ambiental para a obra foi concedida em dezembro de 2005 e seu prazo de conclusão está estimado em dois a três anos.