Título: FROSSARD DIZ QUE NÃO IRÁ A FAVELAS NA CAMPANHA
Autor: Luiz Ernesto Magalhães
Fonte: O Globo, 06/06/2006, O País, p. 8

Vou falar às comunidades através da comunicação de massa porque o Estado não me dá segurança¿, afirma a candidata

A candidata do PPS ao governo estadual, deputada federal Denise Frossard, disse ontem que, por não se sentir segura, não vai subir em favelas, limitando-se a divulgar seus projetos para as comunidades por entrevistas à imprensa. As declarações foram dadas após um café da manhã de Frossard com o prefeito Cesar Maia (PFL) no Palácio da Cidade, onde foi oficializada a aliança do PPS com o PFL e o PV para as eleições deste ano no Rio.

¿ Na época em que era juíza eleitoral, eu não podia entrar em favelas. Como eu vou entrar agora? Eu vou falar às comunidades através da comunicação de massa porque o Estado não me dá segurança. Por isso eu sou candidata. Se me desse essa condição, eu não seria candidata ¿ disse Frosssard, que a todo momento citou como exemplo da insegurança vivida no Rio o assassinato do guitarrista dos Detonautas, Rodrigo Netto, domingo à noite, durante uma tentativa de assalto na Zona Norte.

¿Claro que ela vai subir¿, diz André Corrêa

As declarações de Frossard, que prometeu, se eleita, centrar seu governo em ações para a área de segurança pública, causaram desconforto entre os aliados políticos. Alfredo Sirkis, pré-candidato ao senado pelo PV, e o deputado estadual André Corrêa (PPS) interromperam a deputada, que logo depois também procurou corrigir a declaração anterior.

¿ Existem cerca de 700 favelas no Rio de Janeiro. Algumas estão conflagradas e muitas outras não estão nessa situação. Claro que não vai subir numa favela em meio a um tiroteio ¿ disse Sirkis.

¿ Claro que ela vai subir ¿ disse Corrêa.

Frossard emendou:

¿ Nunca limitei meu espaço. Mas ando com sobressalto porque o Estado não me dá segurança. A criminalidade se combate com políticas públicas que incluam não apenas investimentos em segurança pública, mas em programas sociais ¿ disse a deputada.

A candidata, que prometeu não só manter mas ampliar os programas sociais, como o Cheque Cidadão, por considerá-los indispensáveis, disse que a coligação PPS/PV/PFL terá como objetivo tirar do governo um grupo político que, segundo ela, controla o Palácio Guanabara pelo fisiologismo. Embora tenha afirmado que preferia não citar nomes, incluiu nessa relação o ex-governador Anthony Garotinho e a governadora Rosinha Garotinho, além dos senadores e dos candidatos ao governo Sérgio Cabral (PMDB), e Marcelo Crivella (PRB).

¿ Há duas opções. Ou somos nós ou eles. Não nos colocamos contra uma pessoa, mas contra um modelo que está no governo pelo clientelismo, fisiologismo e corrupção como instrumento de ação política. O modelo tem rosto, nome e sucessores ¿ disse Frossard.

Cesar: PSDB é bem-vindo, mas deve respeitar regras

A deputada disse ainda que pretende valorizar o ensino público, voltando a adotar o tempo integral nos Cieps. Ela acrescentou que o seu grupo político continua disposto a buscar uma aliança com o PSDB, que tem o deputado federal Eduardo Paes como pré-candidato. Cesar, porém, disse que em caso de aliança os tucanos terão que respeitar alguns pré-requesitos. Segundo o prefeito, qualquer acordo terá que partir do pressuposto de que o deputado estadual Eider Dantas (PFL) é o candidato a vice e Alfredo Sirkis, ao Senado.

¿ O PSDB seria muito bem-vindo à coligação. Mas terão que respeitar as regras já fixadas ¿ disse o prefeito.

Frossard se reuniu ontem à tarde com o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), José Graciosa, que está apresentando aos pré-candidatos uma visão geral sobre a situação econômica do governo estadual. Frossard, que propõe uma parceria com o empresariado para revitalizar a economia do estado, considerou o quadro caótico. E disse que os recursos vêm sendo mal administrados.