Título: SÃO PAULO TEM A MAIOR DEFLAÇÃO EM SEIS ANOS
Autor:
Fonte: O Globo, 06/06/2006, Economia, p. 24

IPC da Fipe registrou em maio variação negativa de 0,22%.Já no Rio, custo da cesta de compras recuou 2,4%

SÃO PAULO e RIO. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe, registrou variação negativa de 0,22% em maio. Foi a maior deflação mensal na cidade de São Paulo desde fevereiro de 2000, quando a taxa recuou 0,23%. O resultado surpreendeu o coordenador do IPC da Fipe, Paulo Picchetti, que previa uma queda de 0,10% no índice mensal.

O comportamento dos preços dos alimentos, especialmente daqueles in natura, e do álcool combustível foram determinantes para o resultado do índice em maio. Os preços dos produtos hortifrutigranjeiros, por exemplo, caíram 5,43% em média no mês passado, enquanto os da laranja declinaram 10,66% e os do feijão, 6,68%. Já a entrada da nova safra de cana derrubou os preços do álcool nas bombas em 12,21% em maio.

¿ Estamos vivendo um grande choque de oferta positiva, principalmente na agricultura, que tem colocado mais produtos (para o consumo) que a demanda ¿ observou o coordenador do IPC da Fipe.

Os preços do grupo alimentos apresentaram queda média de 0,89% no mês passado, enquanto os do grupo transportes recuaram 0,61%. No grupo habitação, a deflação foi de 0,01%. O grupo despesas pessoais teve alta média de 0,02%; educação, de 0,10%; vestuário, de 0,39%; e saúde, de 0,80%.

Nos 12 meses, inflação do IPC foi a menor desde 1999

A deflação de maio foi a segunda registrada pela Fipe este ano. Em fevereiro, o IPC tivera variação negativa, de modesto 0,03%. E em abril, o índice ficara praticamente estável: 0,01% positivo. Com isso, de janeiro a maio, o IPC acumula alta de 0,46%.

A variação da inflação medida pela Fipe nos 12 meses terminados em maio ficou em 1,97%, a menor nesse tipo de comparação registrada desde julho de 1999. Apesar do cenário bastante favorável, o coordenador do IPC da Fipe prefere esperar o comportamento do câmbio e dos preços para decidir se altera, ou não, sua projeção para a inflação no ano.

Picchetti argumenta que a instabilidade do dólar poderá influenciar o resultado do IPC nos próximos meses. A moeda americana, assinala o economista, tem forte impacto sobre os preços de alimentos e de produtos eletroeletrônicos de consumo.

¿ Se o dólar subir, mesmo que não seja em grande escala, haverá considerável reflexo sobre os preços desses itens.

Picchetti pondera ainda a volatilidade de preços de itens como a carne e produtos in natura por causa do clima nesta época do ano. Apesar da dificuldade de lidar com essas variáveis, como não haverá reajuste significativo em qualquer preço administrado (tarifas de luz e telefone, por exemplo) e as cotações do álcool tendem a se manter declinantes, o economista espera uma variação praticamente nula para o IPC em junho.

¿ Por isso, ainda é cedo para voltar a rever o IPC no ano ¿ disse Picchetti, que em abril alterou sua previsão, de 4,5% para a inflação deste ano, para 4%. ¿ Prefiro esperar o encerramento do semestre para reavaliar meus números.

Valor da cesta de compras do carioca fica abaixo de R$300

A Fipe detectou uma desaceleração no núcleo do IPC em maio, que encerrou com variação de 0,12%, abaixo da alta de 0,15% em abril.

Já o custo da cesta de compras no Rio de Janeiro ¿ que equivale ao consumo médio de todas as famílias residentes na cidade ¿ registrou queda de 2,4% em maio, a maior retração desde novembro de 2004. Com a redução, o valor da cesta ficou abaixo dos R$300, caindo de R$305,52, em abril, para R$298,18, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio-RJ. A queda atingiu todas as faixas de rendimento familiar.