Título: FUNCIONÁRIO TEVE TRAUMATISMO CRANIANO
Autor: Ilimar Franco e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 07/06/2006, O País, p. 4

Departamento Médico da Câmara atendeu 26 pessoas, duas do MLST

BRASÍLIA. Segundo o balanço oficial da Câmara, 26 pessoas foram atendidas no Departamento Médico da Casa após o confronto entre segurança e manifestantes do MLST ontem. O caso mais grave foi o do coordenador de logística do Departamento de Polícia da Câmara (Depol), Normando Fernandes, internado na UTI do Hospital Santa Lúcia com traumatismo craniano.

Normando, segundo informações da assessoria da Casa, foi atingido por um galho de árvore arrancado pelos manifestantes antes de invadirem o Anexo II da Câmara. Ele teve afundamento do crânio no lado esquerdo da cabeça e edema cerebral. O servidor foi submetido a uma tomografia computadorizada. Depois de passar algumas horas sedado, Normando acordou e, segundo informações médicas, não corre risco de morte.

¿ No começo fiquei nervoso, agora estou calmo ¿ afirmou o pai do funcionário, José Fernandes depois de visitar o filho.

O hospital não informou quando o paciente receberá alta. Entre as 26 pessoas atendidas no Departamento Médico da Casa, duas pertencem ao MLST, mas a maioria era de servidores do Depol e de seguranças terceirizados. Ontem à tarde, alguns servidores deixaram o Departamento Médico com faixas de gaze na cabeça, curativos nos braços e nas pernas. O policial legislativo Antonio Carlos de Abreu Crone teve a cabeça enfaixada.

Ele contou que foi atingido por um dos manifestantes com um cadeira de ferro. Hilton Ferras, também da Polícia Legislativa, também estava com a cabeça enfaixada e negou que a segurança tenha impedido a entrada dos manifestantes:

¿ Existem regras para entrar, a identificação. Eles entraram de supetão e nós tentamos exercer nosso papel de contê-los. Eles usaram pedras e paus para nos agredir.

A servidora Olímpia Goulart estava chegando de carro, com os vidros abertos, quando os manifestantes a cercaram. Ela contou ter sofrido puxões de cabelo e levado socos.

O estrago no patrimônio público da Câmara foi grande. Ainda de fora da Câmara, os manifestantes tombaram um Fiat Uno vermelho zero quilômetro, que estava exposto na entrada do Anexo II porque seria sorteado na festa junina da Associação dos Servidores da Câmara (Ascade). Os manifestantes quebraram também três portas de vidro da Casa: a da entrada do Anexo II, a que dá acesso à taquigrafia e a do corredor que dá acesso ao Salão Verde.

Os manifestantes destruíram ainda quatro computadores que podem ser usados por visitantes para obter informações sobre a Câmara. Com pedras e paus, eles quebraram detector de metais, jogaram no chão o busto de bronze do governador Mário Covas e quebraram luminárias do corredor de acesso ao Salão Verde.

Aldo: ¿Vou cobrar responsabilidades materiais¿

Depois de invadir o Salão Verde, os manifestantes ainda arrancaram uma das lâminas de aço escovado que cobrem as pilastras. Um dos manifestantes escalou a escultura O Anjo, de Alfredo Ceschiati, em bronze. Um outro amarrou uma bandeira do movimento na estátua. Nos carpetes do salão, pedaços de telha e pedras.

Os manifestantes tentaram ainda, usando um extintor de incêndio, quebrar uma porta de vidro que dá acesso ao Salão Negro, mas foram impedidos. Outras portas de vidro do Salão Verde, o painel vitral da artista Mariane Perretti e o painel, óleo sobre tela, de Di Cavalcanti foram preservados. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse ontem que os danos serão calculados pela Casa e serão cobrados dos responsáveis.

¿ Vai arcar quem a lei determinar. Vou cobrar todas as responsabilidade penais e materiais ¿ disse Aldo.