Título: BADERNA NO CONGRESSO: ALDO JUSTIFICA A DECISÃO DE NÃO CHAMAR A PM
Autor: Ilimar Franco e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 07/06/2006, O País, p. 4

Essa gente tem de ir para a cadeia e pagar pelo que fez¿, diz Renan

Parlamentares de todos os partidos condenam violência contra a Câmara

BRASÍLIA. Os incidentes violentos na Câmara foram condenados por parlamentares de todos os partidos. Durante a tarde, eles se revezaram no microfone de apartes do plenário condenando a violência e se referindo aos manifestantes como baderneiros, vândalos e criminosos. Todos cobravam ações enérgicas.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chamou a manifestação do MLST de arruaça e defendeu a decisão do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) de determinar a prisão de todos os envolvidos no quebra-quebra:

¿ Sempre defendi toda manifestação democrática, mas isso não é manifestação, isso é arruaça e tem que ser tratado como arruaça. Essa gente tem que ir para a cadeia e pagar pelo que fez. Isso não é movimento de sem-terra é movimento sem lei. É um atentado à democracia, ao Parlamento, um péssimo exemplo. Não há como negociar com arruaceiro.

O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), apoiou a decisão de Aldo de pedir a prisão dos envolvidos, e também defendeu que a Polícia Militar fosse chamada para efetuar as prisões. Aldo disse que recebeu pressões para ordenar a entrada do Batalhão de Choque da PM, mas que optou por manter o controle nas mãos dos seguranças da Casa.

¿ Creio que foi o caminho mais correto. Os seguranças agem aqui voltados para o diálogo. Não vou sacrificar a vocação democrática da Casa por causa dos acontecimentos. Prefiro correr o risco mas assegurar que o povo tenha aqui um espaço legítimo para se manifestar, de fácil acesso. Não quero que este episódio sirva de pretexto para que a Casa se afaste das lutas sociais ¿ disse Aldo.

Filha de ministro culpa governo

No auge do debate no plenário, quando alguns deputados sugeriram a entrada da tropa de choque, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pediu cautela para evitar um incidente de proporções ainda maiores:

¿ Vamos com calma que para termos um cadáver aqui dentro bastam dois minutos. E isso não seria bom para a instituição e tampouco para nossa vida democrática.

A deputada Luciana Genro (PSOL-RS) disse que a violenta manifestação ocorreu pelo fato de o governo não ter cumprido suas promessas de reforma agrária. Mas o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o líder do PT, Henrique Fontana (RS), condenaram a partidarização do episódio.

¿ O PT não aceita qualquer tentativa de partidarizar o episódio. Os métodos usados recebem o repúdio do partido e da sociedade ¿ disse Fontana.

Mais preocupado com os efeitos sociais da invasão, o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), defendeu um boicote da imprensa na cobertura do episódio.

¿ Os delinqüentes, quer seja pela esquerda, quer seja pela direita, estão buscando o foco. Eles estão querendo ser vistos. Tem que prender. Essa é a maneira de evitar um cadáver aqui e não com esses alaridos ¿ disse Miro, enquanto parlamentares de PSDB e PFL vaiavam sua manifestação.

Aldo afirmou que a Câmara está sempre aberta a receber representantes dos movimentos sociais e citou várias datas, nos últimos dias, em que ele próprio recebeu líderes destes movimentos.

¿ Entendo que aqui é a Casa do povo, mas não posso admitir o uso de violência. Isso é a negação do espírito do funcionamento desta Casa.