Título: ESTADO DE DIREITO É DE ORDEM E NÃO DE BADERNA¿
Autor: Cristiane Jungblut e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 07/06/2006, O País, p. 5
OAB, AMB e Ajufe condenam invasão e pedem `ação enérgica¿
BRASÍLIA. Entidades da sociedade civil condenaram a invasão do Congresso pelos militantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, considerou o ato ¿uma atitude de vandalismo típica de Estado anárquico¿, e o novo presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Walter Nunes, defendeu uma ação enérgica contra manifestações dessa natureza. A OAB e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgaram nota com manifestação de repúdio à invasão.
¿O estado democrático de direito é de ordem e não de baderna. Não podemos admitir que um símbolo da República, que é o Congresso Nacional, a Casa das leis, seja invadido dessa forma e seja ofendida a cidadania brasileira com um ato dessa natureza¿, diz a nota da OAB
Perguntado sobre os motivos que podem ter levado os manifestantes a agirem com violência, Busato afirmou:
¿ É grande e aparente a falta de confiabilidade do povo em mudanças sociais e no governo em geral.
Busato se referiu ainda ¿à grave crise ética que envolve o governo e o próprio Poder Legislativo, que tem feito o país sangrar há mais de um ano¿.
¿ Essa situação acaba propiciando, a cada dia, uma nova receita indigesta. É necessário que todos tenham uma postura de responsabilidade, uma postura de ordem e de cumprimento à lei. Não é com anarquia que vamos conseguir modificar esse estado de coisas.
O presidente da Ajufe, Walter Nunes, classificou como inaceitável os atos de vandalismo:
¿ Não é a forma correta de se fazer um protesto num país democrático como o Brasil ¿ afirmou Nunes, destacando que há mecanismos para discutir as reivindicações do grupo e, se esgotado o diálogo com o Parlamento, ainda existe o recurso ao Judiciário. ¿ O que não se pode é aceitar um comportamento dessa natureza.
Em nota, a AMB disse esperar a apuração isenta e rigorosa do ato, bem como a punição exemplar dos responsáveis pelas agressões. ¿A cenas vistas nesta tarde nada têm a ver com o sentimento democrático. Representam, sim, um ato de violência (...)¿.