Título: Planalto condena `um grave ato de vandalismo¿
Autor: Cristiane Jungblut e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 07/06/2006, O País, p. 5

Nota da Presidência pede que atos sejam tratados `com rigor da lei¿; Lula telefonou para prestar solidariedade a Aldo

BRASÍLIA. Por meio de nota, cerca de três horas depois do início da baderna no Congresso, o Palácio do Planalto condenou o quebra-quebra promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). Assinada pelo secretário de imprensa e porta-voz André Singer, a nota da Presidência da República classificou a ação dos manifestantes de ¿um grave ato de vandalismo¿ e ressaltou que os atos devem ser tratados ¿com o rigor da lei¿. Os ministérios da Justiça e a do Desenvolvimento Agrário também repudiaram o ato.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou o dia no Ceará, foi informado dos acontecimentos e, ao chegar a Brasília à noite, telefonou para o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, para se solidarizar.

Na nota assinada por Singer a Presidência manifesta ¿solidariedade e apoio ao Congresso diante da invasão de suas dependências em um grave ato de vandalismo¿. Segundo a nota, ¿a agressão ao Congresso Nacional, espaço público para as manifestações legítimas e pacíficas da sociedade, fere os princípios da democracia e deve ser tratada com os rigores da lei¿. O texto acrescenta que ¿está segura de que os movimentos sociais não se identificam com atitudes de violência cometidas contra instituições cuja liberdade e soberania foram tão difíceis de conquistar¿.

O governo, como os parlamentares, foi surpreendido com a invasão. Inicialmente, a estratégia era a de repassar a responsabilidade de um posicionamento ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Mas, diante da gravidade do fato, o Planalto decidiu concentrar a resposta oficial na nota de Singer.

O Ministério da Justiça divulgou nota condenando os atos e colocando a Polícia Federal à disposição do Congresso. Na nota, o Ministério da Justiça diz ainda que ¿o uso ilegítimo da força será contido pelas penas da lei¿. E acrescenta: ¿Aqueles que apedrejaram a democracia no lamentável ato perpetrado contra a Câmara dos Deputados não colaboraram em nada para o avanço da justa causa da reforma agrária¿.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, criticou a invasão que, segundo ele, não contribui com a reforma agrária. Cassel estava em Cuiabá pela manhã, participando de evento, e só ficou sabendo da invasão ao chegar a Brasília, à tarde.

O ministro classificou de confusa a pauta de reivindicações do MLST e afirmou que não havia nenhum pedido de audiência por parte de líderes do movimento com o governo. Afirmou que ainda há muito a ser feito em termos de reforma agrária no Brasil, mas defendeu a ação do governo.