Título: O PERIGO NA HORA DO FIM DO PLANTÃO
Autor: Claudio Motta e Cristiane de Cássia
Fonte: O Globo, 07/06/2006, Rio, p. 15

PM deixa ponto desguarnecido por 40 minutos até chegada de nova equipe

O intervalo muito longo entre a saída de uma equipe dos pontos fixos de patrulhamento da PM e a chegada de outra está fazendo com que trechos perigosos da Zona Norte, como as avenidas Marechal Rondon e Radial Oeste e a Rua Vinte e Quatro de Maio, fiquem ainda mais vulneráveis a ataques de bandidos. O local onde o músico do Detonautas foi morto, na Marechal Rondon esquina com a Rua Henrique Dias, ficou sem policiamento durante 40 minutos de manhã e pelo menos 30 de noite.

Uma patrulha com dois policiais está em plantão fixo no local desde a tarde de segunda-feira. Os dois policiais foram avisados pelo rádio que receberiam rendição às 6h15m. A outra equipe, Numa patrulha também com dois policiais, só chegou às 6h55m. Entre 18h01m e 18h32m, o local ficou novamente sem policiamento. A patrulha foi deslocada para uma batida de carros que ocorrera na região. Uma hora depois, a polícia voltou a deixar o ponto descoberto.

O problema se repetiu no fim da Marechal Rondon, próximo a um posto de saúde. A patrulha saiu do local pouco depois das 6h30m e os substitutos chegaram por volta das 7h.

Moradores dizem que bandidos da Mangueira e de favelas do Engenho Novo já sabem o horário da troca de plantão da PM, entre 18h e 19h e entre 6h e 7h, e por isso agem livremente nos bairros de Rocha, Sampaio e Riachuelo. Um morador contou que é comum as ruas ficarem sem policiamento a partir das 22h.

De madrugada, no início da manhã e na noite de ontem, repórteres do GLOBO percorreram ruas do Maracanã e de São Cristóvão, a Linha Vermelha, a Marechal Rondon e a Vinte e Quatro de Maio, constatando a falta de policiamento, apesar do anúncio da PM de que desde a tarde de segunda-feira o patrulhamento na região seria reforçado.

Perguntado sobre a brecha na troca de plantão, o comandante do 3º BPM (Méier), coronel Mauro Teixeira, disse que há uma supervisão no local e que o controle dos carros em pontos fixos é feito do batalhão pelo rádio. Ele argumentou que, na hora da substituição, o ponto de patrulhamento às vezes fica vazio porque os veículos são os mesmos:

¿ A equipe tem que voltar para ser substituída. Caso contrário, eu precisaria ter o dobro dos carros.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Hudson de Aguiar Miranda, disse que a partir de hoje o patrulhamento na região será intensificado.