Título: INDÚSTRIA ESTAGNADA EM ABRIL
Autor: Lino Rodrigues
Fonte: O Globo, 07/06/2006, Economia, p. 21

IBGE vê estabilidade em nível alto e Ipea culpa corte lento de juros

A produção industrial ficou estagnada em abril e mantém ainda o mesmo nível de dezembro do ano passado, de acordo com pesquisa do IBGE divulgada ontem. A estagnação em abril surpreendeu os analistas que esperavam, pelo menos, um ligeiro crescimento. Frente a abril do ano passado, houve queda de 1,9% (o pior resultado desde agosto de 2003). Segundo a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o resultado é explicado pelo número menor de dias úteis ¿ em 2005, foram 20 dias em abril, contra 18 em 2006. No ano, a produção cresceu 2,9% e, nos últimos 12 meses, 2,6%.

¿ Os números de abril refletem estabilidade em patamar alto. A indústria está no mesmo nível de dezembro, que foi o maior nível histórico da pesquisa ¿ disse Isabella.

A economista do IBGE calcula que se o número de dias úteis em abril fosse o mesmo de 2005 a taxa passaria de -1,9% para alta de 2,5%. Mesmo acreditando que a produção deve crescer nos próximos meses, não é essa a interpretação do economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Estêvão Kopschitz. Para ele, o ideal é que a produção não pare de crescer.

¿ A taxa de juros está caindo devagar e o mercado de trabalho piorou no início do ano. Mas este ano deve ser melhor para a economia. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto das riquezas produzidas no país) deve ficar entre 3% e 4%, superior à taxa média dos últimos dez anos, de 2,2% ¿ afirmou Kopschitz.

Mais otimista, Solange Srour, economista-chefe da gestora de recursos Mellon Global, não vê os resultados de abril como uma tendência de freio na produção. Para ela, o avanço na fabricação de carros em maio, divulgada ontem pela Anfavea, indica que a indústria apresentará resultados melhores referentes ao mês passado.

¿ A produção industrial deve crescer 1% frente a abril e 3,5% contra maio de 2005.

Para ela, o padrão do crescimento, mais voltado para o mercado interno, deve se manter em 2006. Em abril (contra março), a produção de bens duráveis (carros e eletrodomésticos) subiu 1,7%; e a de não-duráveis (alimentos, roupas e remédios), 1,3%.