Título: NO RIO, ALIANÇAS JÁ NEGOCIADAS ENTRE OS CANDIDATOS TERÃO QUE SER REVISTAS
Autor: Claudia Lamego
Fonte: O Globo, 08/06/2006, O País, p. 4

Candidatura de Frossard, que tem apoio do PV e PFL, sai prejudicada

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de endurecer a lei da verticalização embaralhou as cartas eleitorais no Rio de Janeiro, justamente no momento em que as negociações para formar as alianças estavam praticamente encerradas. No dia 31 de maio, o PFL retirou a candidatura de Eider Dantas e anunciou apoio ao PPS de Denise Frossard, com a presença do PV na chapa. Cinco dias depois, o PMDB decidiu fechar a coligação de Sérgio Cabral, pré-candidato ao governo, com o apoio do PP de Francisco Dornelles, que concorrerá ao Senado.

Como o PPS e o PP não têm candidatos à Presidência, em tese, não podem mais se coligar com o PFL ¿ que indicou o candidato à Vice-Presidência na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) ¿ ou com o PMDB, que ainda não decidiu se lança ou não candidato próprio ao Planalto. Frossard, que pode ser uma das mais prejudicadas, diz que ainda é cedo para prever o cenário depois da decisão.

¿ Tudo ficou embaralhado. Há rumores de que o PFL pode deixar a coligação com o PSDB. Se o PPS e o PFL não apoiarem coligações federais, a princípio os partidos poderiam ter uma aliança no Rio e em outros estados. Mas vamos ter que conversar com todos os partidos juntos.

Eider Dantas também não arriscou um palpite:

¿ Ainda estamos estudando o que fazer, mas não vejo muitas soluções. Esse assunto diz mais respeito ao PPS do que ao PFL. Na verdade, eles terão que decidir se apóiam o PSDB e o PFL nacionalmente.

Para Dornelles, tendência é que haja coligação branca

Dornelles,que fechou aliança com o PMDB, disse que a decisão do TSE causa transtornos e insegurança no processo eleitoral a poucos dias das convenções partidárias. Para o deputado, a tendência é que, mantida a decisão, haja coligações brancas nos estados:

¿ Essa mudança de interpretação na semana das convenções cria muitos problemas ao processo eleitoral. Não vou entrar no mérito da decisão, mas é preciso lembrar que essa não é uma nova lei. A legislação é a mesma de 2002. Essa decisão vai estimular no país coligações não oficiais.

Depois de participar de uma reunião da executiva do PMDB, o senador Sérgio Cabral disse que o apoio a Dornelles no Rio está mantido e que o partido depende agora da decisão da convenção nacional.

¿ Vamos esperar a situação ficar mais esclarecida. No dia 12 de junho, vamos fazer uma reunião com os candidatos a governador e com a executiva para decidir. Uma coisa ficou clara: caiu a tese da não-candidatura para quem queria se aliar com PSDB, PFL e PT.

A chapa PT-PSB-PCdoB também estava decidida. O pré-candidato do PT, Vladimir Palmeira, já tinha declarado que aceitaria os dois palanques presidenciais do presidente Lula nos estados, já que o petista pediria votos também no palanque do senador Marcelo Crivella, do PRB. Mas pelas novas regras, se o vice-presidente, José Alencar, do partido de Crivella, repetir a dobradinha com Lula este ano, ou o PT e o PRB se aliam ou um dos dois tem que retirar a candidatura.

¿ A minha candidatura é definitiva. O TSE está mudando uma interpretação de quatro anos atrás. O tribunal está se metendo a legislar e bagunçando o quadro eleitoral. Isso é uma barbaridade. Vamos ter que consultar advogados para saber se cabe recurso à decisão ¿ diz Vladimir.

Paes: ¿Sozinho estou, sozinho continuarei¿

Para Crivella, que falou por meio de sua assessoria, a nova regra ¿pegou os partidos de calças curtas e deixou todos atônitos¿. O senador disse que os membros do partido vão se reunir com o vice-presidente para avaliar melhor o quadro.

Para o deputado federal Eduardo Paes, do PSDB, que admitiu ainda não ter entendido bem a nova interpretação do TSE, ele pode ser um dos beneficiados pela decisão porque era o único candidato sem aliança formal com partidos grandes.

¿ Sozinho estou, sozinho continuarei. Agora, espero que o PFL do prefeito Cesar Maia apóie minha candidatura, se o partido mantiver a coligação com o PSDB nacionalmente.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) acha que a decisão traz prejuízos à candidatura de Frossard. Segundo Gabeira, para manter o apoio a Denise Frossard o PFL teria que deixar a chapa de Geraldo Alckmin:

¿ Toda a preparação da aliança estava baseada na campanha de 2002. Eram possíveis acordos estaduais, mas a decisão muda as regras e foram implodidas candidaturas, como a de Frossard no Rio, que só se manterá se o PFL sair da candidatura Alckmin.

Carlos Lupi, pré-candidato ao governo pelo PDT, diz que as alianças nos estados terão que ser revistas. Ele acha que a decisão teve coerência, mas foi anunciada no momento errado, a poucos meses da eleição.