Título: IPEA REVÊ PARA CIMA PROJEÇÃO DO PIB
Autor: Diogo de Hollanda
Fonte: O Globo, 08/06/2006, Economia, p. 31

Com investimento maior, previsão foi alterada de 3,4% para 3,8%

A economia brasileira deve crescer 3,8% este ano, se forem confirmadas as projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, divulgadas ontem. O instituto revisou para cima o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de riquezas geradas no país). Em março, quando o Ipea lançou o último boletim de conjuntura, a previsão era de alta de 3,4%.

¿ Como a formação bruta de capital fixo (o investimento na economia) subiu acima das nossas expectativas no primeiro trimestre, fizemos a correção para cima das nossas projeções ¿ disse Fabio Giambiagi, do Grupo de Conjuntura do Ipea.

A elevação dos investimentos (que reúnem a construção civil e a compra de máquinas e equipamentos) nos primeiros três meses do ano chegou a 9% na comparação com o mesmo período de 2005. Assim, as previsões do Ipea para o desempenho desse indicador subiram de 5,8% do boletim de março, para 7,8%. Para o ano que vem, as projeções se assemelham: 3,8% para o PIB e alta de 7,6% para o investimento.

Ipea prevê inflação abaixo da meta este ano

Ano eleitoral, efeitos defasados das medidas de estímulo à construção civil e confiança do empresário depois da crise política no ano passado são os motivos apontados pelo economista para o avanço do investimento.

¿ Em ano eletoral, há um bom ritmo de realização de obras. Além disso, os juros estão menores, o que, junto com a melhoria nas expectativas dos empresários, vão desengavetar projetos de expansão ¿ acredita Giambiagi, acrescentando que a participação dos investimentos no PIB subirá dos 20,3% em 2005, para 20,5% este ano, chegando a 21,2% em 2007.

Para alcançar os 3,8% de crescimento do PIB no fim do ano, o instituto espera que a cada trimestre a economia avance perto de 1%.

Para a inflação, o instituto prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, fique abaixo do centro da meta de 4,5% fixado pelo governo. No boletim divulgado ontem, o IPCA ficará em 4,4%.

¿ A inflação está gerando boas notícias, convergindo para abaixo da meta, deixando o Banco Central confortável para continuar a baixar os juros (a taxa básica Selic, atualmente em 15,25% ao ano) ¿ diz Giambiagi, citando a queda de preços dos produtos agrícolas no atacado de 10% nos últimos 12 meses.

O instituto está projetando taxa de juros no último trimestre em 14,2%, contra 14,7% da previsão de março.