Título: BOLSA CAI AO MENOR PATAMAR DESDE 10 DE JANEIRO
Autor: Diogo de Hollanda
Fonte: O Globo, 08/06/2006, Economia, p. 31

Queda, de 3,54%, foi a terceira consecutiva. Livre da pressão externa, dólar recua 0,75% e fecha a R$2,241

Em mais um capítulo da crise que vem abatendo os mercados financeiros em todo o mundo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em forte queda de 3,54%, a 35.264 pontos, o menor nível desde 10 de janeiro, quando marcou 35.049 pontos. Foi a terceira baixa consecutiva da Bolsa, que já acumula perda de 15,9% desde o dia 10 de maio, quando o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) elevou a taxa básica de juros do país e desencadeou uma onda de turbulência.

Já o dólar comercial recuou 0,75%, vendido a R$2,241, e o risco-Brasil teve pequena alta de 0,38%, para 262 pontos centesimais. Segundo operadores de mesas de câmbio, o comportamento da moeda descolou do cenário externo devido ao elevado volume de recursos provenientes de exportações que entra no país.

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,65%, pela primeira vez desde março abaixo de 11 mil pontos (10.030,9 pontos). Foi o quarto pregão consecutivo de baixa. Já o Nasdaq recuou 0,51%, também pelo quarto pregão consecutivo. Como não foram divulgados novos dados sobre a economia americana, os investidores se concentraram nos comentários de alguns representantes do Fed. O diretor do Fed regional de Atlanta, Jack Guynn, disse que o núcleo da inflação excedeu o nível que ele considera aceitável ¿ comentário semelhante ao do presidente do Fed, Ben Bernanke.

Para o analista Gustavo Barbeito, da corretora Prosper, o fato de as ações ordinárias (com direito a voto na assembléia de acionistas) terem caído mais do que as preferenciais indica que as vendas de hoje foram novamente lideradas por investidores estrangeiros, que costumam preferir esse tipo de ação. As empresas também são as consideradas preferidas por estrangeiros: os papéis preferenciais (PN) da Petrobras caíram 4,70% e os ordinários recuaram 5,51%; as ações da Vale do Rio Doce tiveram queda de 4,85% (ON) e 4,62% (PN). Apenas uma ação subiu ontem, a Embraer ON (1,40%).

Segundo Walter Mendes, superintendente de renda variável do Itaú, as quedas da Bovespa devem continuar:

¿ Provavelmente o mercado ficará volátil até que se defina a situação da inflação nos EUA e a correspondente reação do Fed. Isso deverá ocupar ainda mais quatro ou oito semanas ¿ afirmou.

Especialista projeta dólar entre R$2,15 e R$2,20

Já no mercado de câmbio, para o diretor-executivo da corretora NGO, Sidnei Moura Nehme, após a forte alta de maio, a tendência para o dólar voltou a ser de baixa, acompanhando a entrada de recursos no país. Ele acha difícil, no entanto, que a moeda fique abaixo de R$2,15, já que um dos contrapesos será a posição comprada dos bancos (quando as instituições apostam na valorização do dólar) em US$7,165 bilhões:

¿ O fluxo vai fazer com que a moeda ainda baixe um pouco, ficando provavelmente entre R$2,15 e R$2,20.

(*) Do Globo Online

CONGRESSO APROVA ISENÇÃO DO IR PARA INVESTIDOR ESTRANGEIRO, na página 35