Título: ONU: IMIGRANTES NO MUNDO SÃO 191 MILHÕES
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Fonte: O Globo, 08/06/2006, O Mundo, p. 37

Número de pessoas que vivem fora de seu país cresceu 25% desde 1990. Nações Unidas apontam benefícios

NOVA YORK.Cento e noventa e um milhões de pessoas no mundo vivem fora de seu país de origem, o que corresponde a um crescimento de 25% em relação a 1990, de acordo com um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre migração. Ao apresentar o estudo na Assembléia Geral da ONU, terça-feira à noite, o secretário-geral Kofi Annan afirmou que a maioria desses migrantes foi para países ricos, um quinto deles para os Estados Unidos.

O relatório alerta para o risco da chamada ¿fuga de cérebros¿, em que pessoas com melhor formação deixam seus países. Estima-se, por exemplo, que 60% das pessoas com alto grau de especialização de Guiana, Haiti e Jamaica vivam no exterior.

A Europa recebeu 34% do total de migrantes no ano passado; a América do Norte, 23%; a Ásia, 28%; a África, 9%; a América Latina, 3%; e a Oceania, 3%.

O relatório estima que em 2005 imigrantes remeteram US$232 bilhões para seus países, sendo que US$167 bilhões foram para nações em desenvolvimento.

Benefícios dependem de respeito a direitos humanos

Em alguns países ¿ como Filipinas e Sérvia e Montenegro ¿ o dinheiro recebido por pessoas que moram no exterior responde por boa parte da renda nacional. O estudo afirma que a migração às vezes reduz os salários de trabalhadores pouco qualificados em países de economia avançada, mas acrescenta que mais freqüentemente permite a cidadãos obter empregos com maior remuneração. Annan ressaltou:

¿ Apoiada pelas políticas certas, a migração internacional pode ser altamente benéfica para o desenvolvimento tanto dos países de onde eles (os migrantes) vêm quanto daqueles para onde vão ¿ disse Annan.

O secretário advertiu, porém, que esses benefícios dependem do respeito aos direitos dos migrantes.

Annan afirmou que o rápido crescimento da migração deveria ajudar, e não prejudicar, todos os países, mas para garantir isso, alertou, é preciso uma ampla cooperação internacional. O relatório propõe a criação de um fórum permanente sobre a questão para que governos possam comparar suas diferentes políticas.

Chefes de Estado discutirão tema em setembro na ONU

O estudo afirma que uma reação de alarme diante do grande número de migrantes dá um foco negativo à questão, e acrescenta que essa ênfase está equivocada, argumentando que só a migração pode contrabalançar a tendência de envelhecimento das populações de países desenvolvidos.

¿ Achamos que as sociedades não perguntam suficientemente a si próprias o que fariam sem os migrantes ¿ disse Hania Zlotnik, diretora da Divisão de População da ONU.

Em setembro, a migração será um dos principais temas do encontro anual de chefes de Estado na Assembléia Geral da ONU. Annan disse esperar que dessa reunião saiam medidas para melhorar as condições de vida dos migrantes, entre elas uma intensificação na segurança para reprimir o tráfico e o contrabando, a facilitação de regras para obter vistos e naturalização e o estabelecimento de serviços financeiros confiáveis para permitir que o dinheiro enviado por imigrantes chegue a seu destino final.