Título: CELULARES VOLTAM A FUNCIONAR NO INTERIOR DE SP
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 09/06/2006, O País, p. 11

Vizinhos de presídios foram prejudicados pela medida judicial

SÃO PAULO e PRESIDENTE BERNARDES. Os celulares voltaram a funcionar normalmente nas seis cidades afetadas pela decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que havia determinado o bloqueio dos sinais dos aparelhos em áreas próximas a presídios e centros de detenção provisória. O sinal foi restabelecido na véspera do depoimento de Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, chefe de uma facção criminosa, à CPI do Tráfico de Armas. A Justiça determinou o bloqueio por 20 dias, após os atentados do crime organizado contra policiais civis e militares no mês passado.

Desde o dia 19 de maio os municípios de Avaré, Araraquara, Iaras, Presidente Venceslau, São Vicente e Franco da Rocha estavam com as antenas próximas das penitenciárias desligadas por determinação da Justiça. Anteontem à noite, o sinal foi restabelecido para a população.

Em Presidente Bernardes, agentes fizeram protesto

Em Presidente Venceslau, a 620 quilômetros da capital, todos os moradores ficaram com os celulares mudos. O prefeito, Ângelo César Malacrida, ameaçou entrar na Justiça contra a decisão. No entanto, como a ordem do bloqueio era de 20 dias, a prefeitura optou por esperar.

O bloqueio dos celulares deveria coibir a comunicação dos presos, mas em algumas unidades os aparelhos continuaram funcionando. A Secretaria de Administração Penitenciária confirmou que houve variações de sinal dos celulares, mas disse que na maioria dos casos a comunicação foi bloqueada.

A Secretaria de Administração Penitenciária não anunciou medidas novas para impedir a comunicação dos presos ou a entrada dos aparelhos. Em nota, afirmou que manterá ¿o procedimento de segurança para evitar a entrada de objetos ilícitos: procedimentos de revista padronizados, detectores de metais em todas as unidades de regime fechado e aparelhos de raio-X em 73 unidades¿.

Agentes penitenciários fazem protesto

Em Presidente Bernardes, um grupo de 20 agentes penitenciários, alguns pintados de palhaços, protestou ontem diante do Presídio de Presidente Bernardes, no Pontal do Paranapanema, onde Marcos Williams Camacho, o Marcola, estava depondo à CPI do Tráfico de Armas. Eles reclamaram contra a falta de condições de trabalho nas 144 penitenciárias de São Paulo. Os agentes penitenciários disseram que nos seis presídios da região da Alta Paulista há 11 agentes para cada mil presos. Os agentes querem que os deputados para que eles intercedam junto ao governo de São Paulo pela melhoria das condições de trabalho da categoria.