Título: PESQUISA ORIENTA METAS PARA EDUCAÇÃO
Autor: Chico Otavio
Fonte: O Globo, 10/06/2006, O País, p. 8

Brasileiros dizem que melhorar formação dos professores deve ser prioridade

BRASÍLIA. Adotada como prioridade na campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a educação já aparecia no ano passado como maior preocupação dos brasileiros em três pesquisas realizadas pelo governo. Numa lista de 50 temas, entre eles criminalidade, desigualdade social e carga tributária, a melhoria da qualidade do ensino liderou o ranking de importância em consultas a internautas e pesquisadores da comunidade científica.

Diante desse resultado, o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República reuniu especialistas, estabeleceu 15 propostas e fez nova consulta popular. Pela internet, 37 mil questionários foram respondidos, indicando quais medidas deveriam ser priorizadas.

Melhorar a formação dos futuros professores aparece como primeiro e decisivo passo, seguido da instalação de laboratórios de informática ligados à internet nas escolas públicas. Há medidas polêmicas, como pagar salários mais altos aos melhores profissionais do magistério, e outras de caráter assistencialista, como dar descontos aos docentes na compra de remédios e alimentação.

Formação pedagógica é fraca, diz secretário do NAE

Segundo o NAE, há um déficit de 230 mil professores na educação básica brasileira, quase 10% dos 2,5 milhões de docentes em atividade. Grande parte dos professores não recebeu formação adequada na faculdade, o que se reflete na qualidade do ensino.

O secretário-executivo do NAE, Raul Sturari, afirma que faltam professores de química, física, matemática, biologia e ciências. Outro problema é a falta de ênfase das licenciaturas científicas à formação pedagógica. Em outras palavras, não ensinam o professor a ensinar:

¿ Quando o curso é bom, o formado sai sabendo matemática, mas não sabe ensinar. Sai um bom biólogo, mas não um bom professor.

As três pesquisas fazem parte do projeto Brasil em 3 Tempos. O projeto estabeleceu metas para 2015 e 2022.