Título: EUA QUEREM ACORDO SOBRE COMÉRCIO ESTE ANO
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 10/06/2006, Economia, p. 35

Reunião pretendida por Lula com países ricos sobre questões na OMC pode se realizar com apoio de Bush

BRASÍLIA. O desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se encontrar com os líderes dos países desenvolvidos para discutir a Rodada de Doha ¿ a negociação na Organização Mundial do Comércio (OMC) ¿ finalmente vai se realizar. O mais resistente dos chefes de Estado, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, já dá sinais de que concorda em conversar com Lula e os governantes dos países do G-8 (grupo das nações mais ricas do mundo, além da Rússia) no próximo mês, em São Petersburgo, na Rússia.

Essa indicação foi passada ontem pela representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab, em um telefonema dado por ela ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ela manifestou ao chanceler o interesse de seu país em um acordo ainda este ano na Rodada de Doha. E disse que o governo americano está disposto a discutir o tema em um encontro paralelo ao evento de São Petersburgo, caso não haja qualquer avanço na reunião ministerial da OMC em Genebra, na Suíça, no dia 20 deste mês.

Lula já conversou com diversos líderes, como o presidente da França, Jacques Chirac, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, e o primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, sobre a necessidade de dar um impulso político às negociações. E telefonará para Bush nos próximos dias. Para Lula, os esforços na área técnica estão esgotados.

De acordo com o Itamaraty, na conversa de ontem, a representante de Comércio da Casa Branca e Celso Amorim concordaram que é preciso avançar o máximo possível na reunião de Genebra. Mas concluíram que não se deve perder a oportunidade de voltar a conversar sobre o assunto em São Petersburgo.

Acordos são usados como moeda de troca

No telefonema, o chanceler brasileiro enfatizou que no tripé da Rodada de Doha, formado por EUA, União Européia e países em desenvolvimento, deve pesar a proporcionalidade.

O Brasil e outros países, como China, Índia, Argentina e Austrália, querem abertura dos mercados das nações mais ricas do mundo para suas exportações agrícolas e defendem a redução das altas subvenções concedidas à agricultura. Americanos e europeus afirmam que só vão ceder em troca de ofertas melhores nas áreas industrial e de serviços.