Título: TARSO ESPERA APOIO EM 21 ESTADOS
Autor: Gerson Camarotti e Luiz Claudio de Castro
Fonte: O Globo, 13/06/2006, O País, p. 3
Ministro fala em assinatura de acordo para o governo de coalizão proposto por Lula
BRASÍLIA. O fim da possibilidade de candidatura própria no PMDB teve sabor de vitória no Palácio do Planalto. O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, calculou ontem que em 21 estados o partido poderá apoiar a reeleição do presidente Lula. Ele disse ontem, logo após a reunião da executiva do PMDB, que a maior parte do partido fechará aliança programática com o PT. Genro acenou com a possibilidade até de os peemedebistas pró-Lula assinarem um acordo, com participação efetiva nas negociações da campanha e, futuramente, do governo, caso Lula seja reeleito. Seria o governo de coalizão já proposto por Lula.
¿ Se essa decisão do PMDB for confirmada (de ter não ter candidato próprio), a existência ou não de uma coligação jurídica não impede uma coalizão de partidos para governar. Essa visão de coalizão é fundamental para o próximo período, seja quem for o presidente. Uma aliança programática é sempre formal. E a aliança programática será formalizada e será feita por aqueles que têm responsabilidade dentro dos partidos. O que queremos no futuro é que o PMDB integre um governo ¿ afirmou Tarso, acrescentando que deverá ser firmado um documento de diretrizes entre os partidos.
PSB pode ficar de novo fora da aliança formal por causa da cláusula de barreira
O ministro disse que uma aliança formal está sendo costurada entre PT, PCdoB e PRB, partido do vice-presidente, José Alencar. O que só reforça a tese de manutenção da chapa Lula-Alencar.
¿ A coligação mais ou menos desenhada até agora é PCdoB, PRB e PT. Os partidos estão enfrentando um problema dramático hoje que é a questão da cláusula de barreira ¿-disse Tarso, citando o PSB como um dos partidos que vive esse dilema e pode ficar fora da aliança formal com o PT, como fez nas últimas eleições.
Dizendo-se animado com a perspectiva de um governo de coalizão com o PMDB, Tarso chegou a sugerir o caminho que o partido deve seguir para superar divergências:
¿ Que tenha uma direção nacional forte, respeitada pela sua base, e que possa enquadrá-la de forma democrática para dar sustentação àquele governo que o PMDB participar ¿ aconselhou o ministro.
Tarso disse que é importante essa aliança programática com o PMDB para que um novo governo Lula, em caso de reeleição, tenha condições de fazer reformas de Estado que ainda não foram realizadas.
¿ Um conjunto de reformas, dentre elas a reforma política, para que o próprio governo tenha mais tranqüilidade, mais estabilidade para governar ¿ disse Tarso.
Nesse sentido, o ministro disse que a preocupação não era exatamente a de haver uma coligação formal e sim um acordo para sustentação de um futuro governo. No Palácio do Planalto, a expectativa é que pelo menos 70% do PMDB apóiem o presidente Lula.
Ao falar do problema das alianças, Tarso disse que o o PT gostaria muito de ter o PSB na coligação formal, mas afirmou que é respeitável o desejo desses partidos de fazer uma aliança política, em torno de diretrizes, e se manterem livres para disputar as eleições e assim vencer a cláusula de barreira para se manterem como legendas.
Em relação à questão do vice na chapa de Lula, Tarso disse apenas que isso será objetivo de negociações entre os partidos. O ministro confirmou que na próxima semana o presidente Lula finalmente assumirá que é candidato à reeleição, antes do dia 24, quando o PT faz a convenção nacional na qual a chapa de Lula será oficialmente homologada. Pelo roteiro traçado, o PT fará uma consulta a Lula, que dirá que quer ser candidato, o que permite a realização da convenção.