Título: Entidades pedem saída de titular da Segurança
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 13/06/2006, O País, p. 10

As autoridades estão inertes nos planos estadual e federal¿

SÃO PAULO. Para a maior parte das entidades de defesa de direitos humanos que acompanham a apuração dos números da violência em São Paulo, há omissão do governo na divulgação das listas de mortos. Ontem, várias entidades se reuniram para pedir a exoneração do Secretário da Segurança Pública, Saulo de Abreu Castro Filho.

¿ Os dados do Conselho Regional de Medicina, baseados em laudos, mostram que houve um excesso e também indicam que os números oficiais estão errados. Por isso avaliamos que o secretário da Segurança de São Paulo não pode mais ser mantido no cargo ¿ disse o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Frederico dos Santos.

Para o advogado Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, os números do Conselho Regional de Medicina e da Ouvidoria dão indícios fortes de que houve uma matança em São Paulo, promovida também por grupos de extermínio e policiais isolados, além dos ataques da facção criminosa.

¿ Mas passado um mês, as investigações continuam a passos lentos. Todas as autoridades se mantêm praticamente inertes, tanto no plano estadual quanto federal. Vão esperar os próximos ataques da facção para se lembrarem que o problema da segurança é muito grave ¿ disse Ariel.

Lembo diz que secretário continua no cargo

O governador Claudio Lembo (PFL), no entanto, já adiantou que não sacrificará o secretário, cuja permanência foi proposta pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à Presidência. Lembo disse que está satisfeito com o trabalho de Saulo e tranqüilo diante da possibilidade de novos ataques da facção criminosa. Ao ser informado da posição do governador, Santos reagiu:

¿ Se o governador está satisfeito, precisa saber que a sociedade civil não está.

O secretário, por sua vez, disse que não comentaria o pedido das entidades para que deixe o cargo. Sua assessoria informou que os casos apontados pela Ouvidoria e os números do Conselho de Medicina não podem ser confirmados nem negados, já que são objetos de investigação policial.

O Ministério Público do Estado, responsável pelo acompanhamento dos casos apurados pela própria polícia recebeu o relatório do Conselho ontem, mas não quis se manifestar. O promotor Neudival Mascarenhas, encarregado do caso pela Procuradoria Geral de Justiça, saiu da reunião com o Conselho de Medicina e as entidades da sociedade civil pela porta dos fundos, para não responder aos jornalistas que o aguardavam.