Título: MÉXICO QUER ENTRAR NO MERCOSUL ATÉ DEZEMBRO
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 13/06/2006, Economia, p. 23
Chanceler mexicano diz a Amorim que união ao bloco permitirá competição com mercados como China e Índia
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores do México, Luiz Ernesto Derbez, pediu ontem ao chanceler Celso Amorim que seu país se associe ao Mercosul, tal como Chile, Peru, Colômbia, Bolívia e Equador, até dezembro deste ano. Trata-se de um antigo desejo do presidente mexicano, Vicente Fox, manifestado assim que ele assumiu o poder, há cerca de quatro anos.
¿ Queremos nos aproximar do Mercosul não apenas por uma questão econômica, mas principalmente pela geopolítica. Precisamos nos unir, para competirmos com outros mercados, como a China e a Índia ¿ disse Derbez.
Ele lembrou que haverá eleições no México em 2 de julho e que a posse do novo presidente está programada para 1ºde dezembro. Daí a pressa para se associar ao bloco até o fim do ano:
¿ Nossa proposta é de Estado, não de governo. Não importa quem assuma, o interesse do México no Mercosul continuará.
A condição de membro associado desobriga o México a compartilhar com Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai a Tarifa Externa Comum (TEC), usada no comércio com nações que não fazem parte do bloco, ao contrário da Venezuela que, em dezembro, será sócio pleno. No entanto, permitirá uma abertura maior do mercado mexicano a produtos do Mercosul.
¿ Associar-se ao Mercosul significa diálogo permanente com Brasil e Argentina, dois gigantes sul-americanos. Ao mesmo tempo, podemos ajudar Paraguai e Uruguai, que são economias menores, abrindo mais o mercado para as exportações desses países ¿ disse Derbez.
O México tem déficit comercial com o Brasil de US$4,4 bilhões. Compra US$5 bilhões e vende US$600 milhões. Para Derbez, isso não é preocupante, pois faz com que o país busque aproximação com o Brasil, onde as empresas mexicanas já investiram US$9 bilhões.
Amorim afirmou que o país que quiser ingressar no Mercosul terá que superar etapas. Segundo ele, a condição é que o interessado queira, no futuro, ter uma área de livre comércio com os países do Cone Sul.