Título: DISPUTAS REGIONAIS AGRAVAM AS DIVERGÊNCIAS ENTRE PSDB E PFL
Autor: Maia Menezes
Fonte: O Globo, 14/06/2006, O País, p. 4

Aliança está estremecida no Piauí, no Distrito Federal, na Bahia e no Rio

BRASÍLIA. A formalização da aliança nacional entre PSDB e PFL não contribuiu ainda para reduzir os conflitos estaduais enfrentados pelos dois partidos. Pelo contrário, as divergências estão aumentando. O último exemplo é a situação do Piauí, onde os pefelistas já tinham anunciado seu apoio à candidatura do tucano Firmino Filho e agora ameaçam lançar o senador Heráclito Fortes para a disputa estadual. Isso porque o tucano vetou o nome do ex-governador Hugo Napoleão para concorrer na chapa ao Senado. PFL e PSDB brigam também no Distrito Federal, no Rio e na Bahia.

Nos bastidores, os líderes do PFL reclamam da falta de comando na campanha de Geraldo Alckmin à Presidência, já que não há no PSDB alguém destacado para resolver os problemas nos estados.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), na avaliação de alguns pefelistas, não consegue resolver nem os entraves no próprio estado, onde se desentendeu com o governador Lúcio Alcântara, do PSDB, depois de tentar vetar sua candidatura à reeleição. O coordenador executivo da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), minimiza os atritos nos estados:

¿ Essas dificuldades têm de ser vistas com naturalidade. Não há nada calamitoso. Nos últimos dois meses, nossa campanha passou pelos seus piores momentos, sobretudo diante da superexposição do presidente Lula na mídia, mesmo assim não foi registrada qualquer perda substancial. Estou confiante de que teremos bons palanques nos estados.

Heráclito, que já havia sido destacado para ser o representante do PFL na coordenação da campanha de Alckmin, confirmou que está sendo feito um esforço para tentar manter a aliança no Piauí, mas deixa clara sua contrariedade:

¿ Estamos tentando contornar a situação, mas não há justificativa para esse veto.

O quadro de confronto se repete em outros estados. Os pefelistas esperavam um empenho maior dos tucanos para resolver o impasse criado hoje no Distrito Federal, onde eles acreditam ter uma de suas maiores chances de vitória com a chapa puro-sangue encabeçada pelo deputado José Roberto Arruda e tendo como vice o senador Paulo Octávio. Esse favoritismo, no entanto, esbarra na candidatura da governadora Maria Abadia, do PSDB, que poderá contar com o apoio do ex-governador Joaquim Roriz, do PMDB. Sem perspectiva de solução, esse quadro deverá impedir que Alckmin aceite o convite de seu vice, o senador José Jorge (PFL-PE), para participar da convenção do PFL no Distrito Federal, marcada para amanhã.

PFL deve intervir em Goiás para lançar Demóstenes

Em Goiás, a executiva nacional do PFL pretende fazer uma intervenção para garantir o lançamento da candidatura do senador Demóstenes Torres ao governo, impedindo que o diretório estadual siga os passos do ex-governador tucano Marconi Perillo, que decidiu apoiar seu vice Alcides Rodrigues, do PP.

Já no Rio, a situação se inverte. Lá o confronto começou depois que o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) se lançou candidato ao governo. O prefeito Cesar Maia, que inicialmente pretendia lançar seu secretário de Obras, Eider Dantas, desistiu e declarou apoio à candidatura da deputada Denise Frossard (PPS). O clima entre Maia e os tucanos anda tão ruim que o prefeito preferiu não prestigiar o lançamento da candidatura de Alckmin no último domingo.