Título: PFL DIZ QUE VAI MANTER ATAQUES DUROS A LULA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 17/06/2006, O País, p. 10

O Brasil não merece essa gente¿, afirma o presidente do partido sobre o governo petista e seus aliados

BRASÍLIA. O PFL manterá os duros ataques ao governo federal e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como os veiculados no programa partidário exibido anteontem à noite no rádio e na TV. O presidente do partido, Jorge Bornhausen, disse que o programa respeitou a legislação e que nada vai impedir o partido de criticar o governo:

¿ Nosso programa está dentro da lei. Ele foi submetido ao nosso departamento jurídico antes de ir ao ar. Ninguém vai poder nos tirar o direito de criticar este governo que está aí. Fizemos um documentário sobre os crimes praticados no Brasil. Como disse nosso programa, o Brasil não merece essa gente.

¿Se o PT não gostou, o programa foi bom¿

A avaliação do PFL é a de que o partido aceitou o desafio feito por Lula de mostrar na TV as cenas da CPI dos Correios e as denúncias do mensalão.

¿ Se o PT não gostou, é um sinal de que o programa foi bom ¿ brincou o senador Heráclito Fortes (PFL-PI).

Segundo a direção pefelista, não foi acertada qualquer estratégia com os tucanos para que o PFL centre fogo em Lula e deixe para Alckmin um discurso mais propositivo. O único temor é que o tom exagerado das críticas ao governo possa transformar Lula em vítima.

¿ Temos de tomar precauções para evitar o efeito vítima que Lula é craque em tentar mostrar ¿ advertiu o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN).

Diante do que chamou de agressividade do PFL, o governador petista do Acre, Jorge Viana, pediu aos tucanos que mantenham a campanha em um nível mais elevado. Confiante na vitória de Lula, Viana falou em estabelecer um canal de diálogo com a oposição para garantir a governabilidade do país em 2007 e citou o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), como um possível interlocutor do PT.

¿ Tomara que o PSDB, um partido que tem demonstrado responsabilidade, não embarque nessa linha do PFL. Até porque esse tipo de ataque não combina com o candidato tucano, Geraldo Alckmin. Ao agredirem o Lula, eles atingem o povo brasileiro, porque o presidente é o reflexo da maior parte dos brasileiros e não a elite que eles representam ¿ disse Viana.

Bornhausen defende declarações de José Jorge

Já Bornhausen defendeu, inclusive, os ataques feitos pelo a vice na chapa de Alckmin, José Jorge (PFL), que anteontem, durante a convenção do PFL em Brasília, disse que o presidente ¿não trabalha, só viaja e bebe muito¿.

¿ Desta vez o presidente não poderá tentar fazer o que queria fazer com o jornalista Larry Rother ¿ ironizou Bornhausen, numa referência à ameaça de Lula de expulsar o correspondente do ¿New York Times¿ do Brasil depois de ele ter publicado reportagem insinuando que o presidente bebia demais.

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