Título: NO RIO, PREFEITOS DO PT IGNORAM VLADIMIR E APÓIAM CABRAL E LULA
Autor: Cláudia Lamego e Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 18/06/2006, O País, p. 8

Grupo de Garotinho já conversou com Alckmin, mas candidato do PMDB ao governo do estado diz que não pedirá votos para a campanha presidencial

Uma nova chapa começa a nascer no Rio. Sem respeitar a coligação negociada nacionalmente com o PRB e o PCdoB, o PT costurou uma aliança branca com o PMDB e o PP no estado. Num café da manhã há 20 dias, o senador Sérgio Cabral Filho (PMDB), candidato ao governo do estado, e o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, discutiram a formação de uma frente de pelo menos 50 prefeitos do PMDB e do PT que pediriam votos para Cabral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, e o deputado federal Francisco Dornelles (PP), que concorrerá ao Senado.

Prefeitos do PT montariam palanques no interior para pedir votos para Cabral. Em contrapartida, aliados de Cabral pediriam votos para Lula. O senador nega que vá trabalhar pela reeleição do presidente, mas, na prática, estará em palanques petistas.

O prefeito de Itaboraí, Cosme Salles (PT), confirma que será cabo eleitoral de Cabral e de Lula. E dá como certo o apoio do peemedebista ao presidente:

¿ Vou fazer campanha para o Lula e para o Sérgio Cabral, que, no meu palanque, também vai pedir votos para o presidente ¿ afirmou o prefeito, que fez críticas ao candidato do PT ao governo do estado, Vladimir Palmeira:

¿ O candidato do nosso partido (Vladimir Palmeira) nem veio aqui ainda. Ele quer ser candidato mas não quer pedir voto.

Cosme Salles deixou claro que o apoio é a Cabral, com quem tem boa relação desde que foi deputado estadual, e não ao governo Rosinha Garotinho, também do PMDB.

Garotinho conversou com Alckmin sobre possível apoio

Os prefeitos petistas de Paracambi, André Ceciliano, de Iguaba Grande, Hugo Canela, e de Cantagalo, Joaquim Augusto de Paula, também teriam fechado com o peemedebista, segundo aliados do senador.

Sérgio Cabral afirmou que não vai pedir votos para candidatos à Presidência. O presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, chegou a conversar com o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, sobre possibilidade de apoio depois que perdeu a chance de concorrer à Presidência.

¿ O partido decidiu que vai liberar seus militantes, prefeitos e deputados para seguirem seus rumos. Mas não vou me atrelar a campanhas presidenciais. Não posso proibir que prefeitos A ou B façam campanha para mim ¿ afirmou o senador.

A aproximação de Cabral com o PT se estende até o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Há duas semanas, os dois se encontraram para acertar um pacto de não-agressão na campanha eleitoral. Lindberg quer evitar riscos de boicote à sua prefeitura, caso Cabral seja eleito. Nas últimas eleições, em campanha na Baixada Fluminense, a governadora Rosinha Garotinho e o presidente regional do PMDB, Anthony Garotinho, ameaçaram não voltar ao município caso Lindberg fosse eleito. O prefeito reclama de boicote do atual governo, o que é negado pela gestão Rosinha.

Paes: ¿Cesar Maia tem medo que eu ganhe a eleição¿

No Rio, Lula já tem dois palanques. Pedirá votos para Vladimir Palmeira e para o senador Marcelo Crivella (PRB). O PT, oficialmente, apoiará no estado a candidatura da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) ao Senado. Os dois candidatos, garante o presidente regional do PT, Alberto Cantalice, farão campanhas de oposição a Rosinha e ao prefeito Cesar Maia.

O candidato Geraldo Alckmin dividirá sua agenda no Rio entre os candidatos do PSDB, deputado federal Eduardo Paes, e a deputada federal Denise Frossard, da aliança entre o PPS e o PFL. Não há trégua prevista entre os três partidos, aliados nacionalmente, na campanha do Rio.

¿ O PSDB é uma ficção no

Rio ¿ alfineta o prefeito.

¿ Ele (o prefeito) tem medo

que eu ganhe a eleição ¿ devolve Eduardo Paes.