Título: LULA: MOTE PARA A REELEIÇÃO É FAZER `MAIS¿
Autor: Ilimar Franco e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 18/06/2006, O País, p. 11

Em discurso na convenção, presidente vai comparar governo com anteriores e prometerá crescimento econômico

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu o mote da campanha da reeleição: um novo mandato para fazer ¿mais¿. A palavra ¿mais¿ sintetiza o conteúdo do discurso que ele fará na convenção do PT de sábado, dia 24, quando o partido lançará oficialmente sua candidatura. Favorito nas pesquisas, o presidente fará comparações com os governos anteriores e prometerá fazer ainda mais pelos pobres e pelo crescimento econômico. Lula dirá ainda que o PT resistiu à crise política, mas que para um segundo mandato precisará de uma coalizão de partidos ¿ ou seja, petistas terão que ceder espaço para aliados na eleição e depois.

Lula tem se preocupado com os palanques regionais e pediu que o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, e o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, apresentem-lhe um mapa desses palanques até 48 horas antes da convenção do PT. Seu discurso, que será desdobrado na campanha, pretende destacar o que deu certo no primeiro mandato.

¿ Lula vai dizer que para governar é preciso mais do que o PT ¿ resumiu um aliado que conversou sobre o assunto com o presidente na sexta-feira.

Indicadores sociais e econômicos dos últimos 11 anos serão apresentados para relacionar a gestão de Fernando Henrique com a candidatura de Geraldo Alckmin. Lula quer atrair Fernando Henrique para o centro do debate eleitoral. E já começou o desafio:

¿ Vão ser oito anos contra quatro ¿ disse Lula na última sexta-feira: ¿ Pode escolher: eles escolhem os temas e nós comparamos!

¿O fundamental é ter o apoio do PMDB¿

O discurso será uma prévia de seu programa de governo.

¿ O programa de governo vai apontar para um crescimento da economia, aumento na distribuição de renda, equilíbrio macroeconômico e inflação baixa ¿ diz Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência.

A coligação que apoiará a reeleição de Lula terá o PT, o PCdoB e o PRB do vice José Alencar, com participação formal incerta do PSB. Por isso, Lula defenderá um governo de coalizão baseado num programa de governo. É a proposta que tem feito ao PMDB, tentando demonstrar que não pretende repetir o erro do primeiro mandato, aliando-se ao PTB, ao PP e ao PL.

¿ Os comícios da campanha serão do Lula, nunca de candidatos a governador. O presidente receberá no palanque quem quiser apoiá-lo ¿ diz Berzoini.

¿ O fundamental é ter o apoio do PMDB ¿ acrescenta o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).

Lula e seus auxiliares estão preocupados com uma radicalização de ações no Tribunal Superior Eleitoral. Por isso, ele terá até o dia 30 uma maratona de viagens pelo país. Depois, não mais poderá participar de inaugurações, sob pena de ter sua candidatura impugnada.

Lula vai concentrar as viagens de campanha nos fins de semana. Continuará viajando como presidente durante a semana. No Planalto há quem defenda a dispensa de palanques oficiais nesses eventos, restringindo, assim, os discursos.

Segundo um ministro petista, Lula se preocupa em separar sua agenda de governo com a de campanha. Mas nem sempre Lula cumpre o acertado. Ele já tinha prometido repetir a postura ¿Lulinha, paz e amor¿ e não entrar em bate-bocas. Mas na sexta-feira respondeu aos ataques. Os assessores temem pelos seus rompantes e improvisos.

¿ Em caso de ataques, a reação será uma decisão exclusiva do presidente, seja ela política ou jurídica ¿ diz o ministro Tarso Genro.

A linha política da reeleição já está definida, mas a logística e a estrutura ainda serão fechadas até a convenção de sábado. Berzoini deve anunciar até sexta-feira o nome do tesoureiro da campanha. E o secretário de Finanças, Paulo Ferreira, vai decidir onde funcionarão os comitês centrais da campanha em São Paulo e em Brasília.

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