Título: PSB NÃO FARÁ ALIANÇA COM PT E LULA PODE PERDER QUASE 2 MINUTOS NA TV
Autor: Ilimar Franco e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 20/06/2006, O País, p. 4

Se decisão for aprovada na convenção, Alckmin terá mais tempo que petista

BRASÍLIA. O PSB comunica amanhã ao presidente Lula que não fará coligação formal com o PT para apoiar sua reeleição. Essa decisão terá que ser formalizada na convenção nacional do PSB, dia 28. Sem o PSB, Lula perderá um minuto e 50 segundos de propaganda eleitoral na TV e no rádio. Seu programa ficaria com cerca de seis minutos e 36 segundos, quase dois minutos a menos que o programa do tucano Geraldo Alckmin. Antecipando-se ao anúncio do PSB, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse ontem que o nome do vice na chapa de Lula não deve ser anunciado no próximo sábado, na convenção nacional do PT.

A expectativa de Lula e petistas é que haja um acordo com o PSB até o dia de sua convenção, dia 28. Por isso fica em aberto a escolha do vice. Hoje, líderes e dirigentes se reúnem em Brasília para fazer uma avaliação da situação eleitoral do PSB, que busca atingir a cláusula de desempenho de 5% dos votos nacionais para a Câmara e de 2% dos votos em nove estados.

Lula começou a cuidar formalmente da reeleição

Apesar dos apelos de Lula, os dirigentes do PSB não querem assumir o ônus interno de impor uma coligação nacional que atrapalhe as alianças eleitorais em alguns estados. Nem querem assumir a responsabilidade de adotar uma tática eleitoral que possa dificultar o cumprimento da cláusula de desempenho.

Tarso lembrou que Lula tem até o fim do mês para decidir seu vice. A estratégia do Planalto é tentar, até o último minuto, trazer para a coligação formal o PSB. O registro das chapas pode ser feito até 30 de junho.

O presidente Lula começou ontem, formalmente, a cuidar de sua campanha à reeleição. A seis dias de ter sua candidatura oficializada pelo PT na convenção nacional, sábado, e prevendo uma fiscalização mais rigorosa por parte da Justiça Eleitoral, Lula pediu aos ministros e assessores que sejam tomados todos os cuidados para evitar a transgressão da legislação. A maior preocupação do presidente, manifestada ontem em reunião da coordenação de governo, é que haja uma separação total entre as agendas de presidente e de candidato, para enfrentar uma eventual radicalização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na fiscalização das campanhas.

Na prática, Lula substituirá as viagens pelo país para inaugurar obras por ¿viagens de inspeção¿. O ministro Tarso Genro negou ontem, ao falar da reunião com Lula, que viagem de inspeção seja campanha disfarçada, afirmando que visitas de trabalho são permitidas pela legislação eleitoral.

www.oglobo.com.br/pais