Título: LÍDER DO PT NO SENADO SERÁ INVESTIGADA
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 21/06/2006, O País, p. 3
Corregedor vai analisar denúncia de movimentação financeira acima de rendimentos de Ideli
BRASÍLIA. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), anunciou ontem que pretende analisar a denúncia publicada pelo jornal ¿Correio Braziliense¿ de que a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), teria tido nos últimos três anos movimentação financeira bem acima de seus rendimentos, e que em 2004 teria ultrapassado a marca de R$1 milhão. Antes de decidir sobre a abertura de investigação do caso, Tuma vai ler a defesa que a senadora apresentou ontem da tribuna.
¿ Vou analisar todos os fatos e a defesa antes de decidir se será necessário abrir uma investigação para apurar a denúncia. A senadora é sempre uma das primeiras a cobrar investigação a cada denúncia que aparece ¿ disse Tuma, que também admitiu investigar a divulgação de dados do sigilo fiscal da senadora.
Indignada, a líder petista insinuou que a denúncia encaminhada pelo procurador Celso Três à Procuradoria Geral da República teria tido um objetivo político: desviar sua atenção justamente no dia da votação do relatório final da CPI dos Bingos:
¿ Não é a primeira vez que tentam me calar, mas não vão conseguir.
Em nota oficial, a senadora afirmou: ¿Ao tentar colocar-me como suspeita, a matéria foi feita sob medida para servir aos que procuram desqualificar minha atuação em defesa do governo Lula e minhas críticas a uma CPI que investigou tudo, menos bingos¿.
Senadora diz que negociou veículos e fez três empréstimos
Para a senadora, o fato mais grave foi a quebra de seu sigilo fiscal. Em relação à denúncia propriamente dita, Ideli se defendeu argumentando que há uma diferença entre rendimento e movimentação financeira. A reportagem afirma que o R$1 milhão é muito superior aos rendimentos anuais de cerca de R$200 mil da senadora. Mas ela alega que o auxílio-moradia a que tem direito, assim como as verbas indenizatórias que recebe por gastos com seu escritório político em Santa Catarina, não são contabilizadas como rendimento, mas entram na sua movimentação financeira.
A senadora disse ainda que, durante o ano de 2004, no qual foi registrada a maior movimentação financeira, ela teria vendido e comprado veículos, além de ter contraído pelo menos três empréstimos.
Em nota, a bancada do PT se solidarizou com Ideli e cobrou da PF e da Procuradoria Geral da República ação firme para identificar os responsáveis pela quebra do sigilo.