Título: Alguém viu o Mozarildo por aí?¿
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 21/06/2006, O País, p. 3

BRASÍLIA. Nas horas que antecederam o início da sessão final da CPI dos Bingos, uma pergunta foi ouvida insistentemente nos corredores do Senado: ¿Você viu o Mozarildo aí?¿. Até então pouco solicitado para entrevistas e excluído do debate das questões políticas centrais, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) virou ontem o centro das atenções.

Sumido há dois meses da CPI, Mozarildo tornou-se fundamental para decidir o desfecho da comissão. Ele sempre votou com a oposição, mas sua ausência nos últimos meses permitiu ao governo vencer votações de requerimentos importantes. Durante todo o dia, ele recebeu emissários de ambos os lados e só decidiu votar com a oposição nos últimos momentos.

¿ Fui procurado por todo mundo, recebi apelos de toda ordem. O Tião Viana (PT-AC) queria me convencer de que a CPI teve desvio de finalidade, mas eu discordava de alguns pontos ¿ admitiu Mozarildo.

Segundo senadores da oposição, em troca de seu voto Mozarildo teria pedido o apoio do governo para sua candidatura à reeleição ao Senado. O Palácio do Planalto, no entanto, já tem compromisso em Roraima com Tereza Jucá, mulher do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Mozarildo nega que tenha negociado com o governo.

¿ Se eu negociasse, ganharia o quê? Não tenho cargo no governo federal ¿ disse o senador.

O fato é que o paradeiro de Mozarildo nunca causou tanto suspense no Congresso e obrigou o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), a atrasar por quase seis horas o início da sessão. Assim que o senador de Roraima pisou na sala da CPI, Efraim iniciou os trabalhos e o governo admitiu a derrota. (Alan Gripp)