Título: SOB SUSPEITA, LÍDER DO PMDB INDICARÁ O RELATOR DA CPI DOS SANGUESSUGAS
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Fonte: O Globo, 21/06/2006, O País, p. 4

Já a escolha do presidente da comissão de inquérito ficará a cargo do PT

BRASÍLIA e CUIABÁ. O líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), deve indicar hoje o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas. Suassuna teve dois assessores presos durante a Operação Sanguessuga, da Polícia Federal, investigação que deu origem à CPI. O senador está na lista de parlamentares com supostas ligações com a organização acusada de vender ambulâncias superfaturadas.

O nome de Suassuna foi citado pela ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, apontada pela PF como uma das peças-chaves da máfia dos sanguessugas.

¿ Ney Suassuna vai indicar alguém que pode ser bastante gentil com ele ¿ criticou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos autores do pedido de criação da CPI.

Suassuna usou suas prerrogativas de líder e indicou os colegas Amir Lando (RO), Valdir Raupp(RO), Wellington Salgado (MG) e Gilvan Borges (AP) para compor a CPI em nome do PMDB. Um dos quatro deve ser escolhido relator.

Como tem a maior bancada no Senado, cabe ao PMDB assumir a relatoria, cargo mais importante da CPI. Para evitar desgastes, os peemedebistas teriam acertado que o nome do relator será anunciado formalmente hoje pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), deverá indicar hoje o presidente da CPI. Um dos nomes mais cotados é o deputado Antônio Carlos Biscaia (RJ).

Em Cuiabá, o Tribunal Regional Federal concedeu hábeas-corpus à ex-servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, uma das principais envolvidas na máfia das ambulâncias. Ela estava presa desde o dia 19 de maio, quando teve a prisão preventiva revalidada pela ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal.

Maria da Penha prestou depoimento durante 12 horas na última segunda-feira. A audiência começou por volta das 14h e terminou às 2h da madrugada de ontem. A Justiça não liberou o teor do depoimento.

A advogada Sandra Cristina Alves, que defende Maria da Penha, informou que sua cliente reafirmou tudo o que havia dito em depoimento ao Ministério Público Federal, em maio. Na época, ela disse que um terço da Câmara estava envolvido nas fraudes. O TRF mandou soltar mais dois envolvidos no caso: Suelene Bezerra e Jairo Carvalho.