Título: ALCKMIN RETIRA AS CRÍTICAS A MEIRELLES
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 21/06/2006, O País, p. 8

Candidato ameniza ataque a presidente do BC, malvisto até entre tucanos

GOIÂNIA E BRASÍLIA. O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, voltou atrás ontem nas críticas feitas na véspera ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, chamado por ele de covarde por causa da política de juros do governo Lula. Ontem, em Goiânia, disse que foi mal-interpretado pela imprensa e afirmou que tem grande respeito por Meirelles.

¿ Faço questão de retificar o que falei. Tenho grande respeito pelo doutor Henrique Meirelles e não me referi em nenhum momento à sua pessoa, e sim à política econômica, que entendo que precisa ser corrigida e melhorada ¿ disse Alckmin.

As críticas feitas a Meirelles repercutiram mal entre os próprios tucanos, segunda-feira. Procurados pelo GLOBO, muitos se recusaram a comentar a declaração de Alckmin, afirmando que não concordavam com ela. Em entrevista à rádio CBN, segunda-feira, Alckmin afirmou:

¿ Não concordo com o presidente do Banco Central. Acho que errou na dose. Foi covarde. Todo mundo agiu na defesa. O Brasil não cresceu. O PT não tem credibilidade.

Ao responder sobre a condução da política monetária em audiência pública no Congresso, Meirelles rebateu as afirmações do tucano. Afirmou que as decisões do BC devem ser tomadas do ponto de vista técnico, sem levar em conta as emoções:

¿ A decisão sobre taxa de juros não demanda grandes emoções, valentias ou covardias.

Meirelles evita polêmica e diz que críticas fazem parte

Meirelles evitou comentar diretamente as declarações de Alckmin, de quem foi colega de partido ¿ eleito deputado federal pelo PSDB de Goiás em 2002, abriu mão do mandato e da filiação para assumir o BC.

Em uma das perguntas envolvendo Alckmin na audiência pública, Meirelles apenas afirmou que ¿elogios e críticas ao BC fazem parte do trabalho¿ e que buscar taxas de juros menores é um desejo comum, mas que tem de haver cuidado:

¿ Reduzir os juros é um desejo de todos. A questão é que temos meta de inflação (de 4,5% para o ano) e não temos a liberdade de fixar juros que tragam de volta aumento de inflação.

Em Goiânia, o tucano voltou a falar sobre política econômica, mas em tom mais moderado:

¿ O Brasil pode crescer mais, mas para isso precisa de uma política fiscal e monetária melhor. Estamos na contramão porque aumentamos impostos e reduzimos investimentos. Eu pretendo fazer o contrário.