Título: PF INDICIA OUTROS 73 MILITANTES DO MLST
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 21/06/2006, O País, p. 10

Delegados pedem à Justiça para 42 sem-terra que depredaram a Câmara continuarem presos até fim do inquérito

BRASÍLIA. A Polícia Federal indiciou ontem mais 73 militantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) pela invasão e depredação de instalações da Câmara no início deste mês. Eles são acusados de danos ao patrimônio, lesões corporais graves, corrupção de menores e formação de quadrilha, entre outros crimes.

Também foi pedida à Justiça Federal a conversão da prisão em flagrante para preventiva dos 42 líderes do MLST, entre eles Bruno Maranhão, presos no Complexo Penitenciário da Papuda há 15 dias. Se o pedido for atendido, eles podem ficar na cadeia até o fim do processo.

A PF deve abrir outro inquérito para investigar se o MLST usou dinheiro público para pagar parte das despesas do protesto. Os delegados Gustavo da Cruz Santana e Carlos Henrique Maia decidiram indiciar mais 73 sem-terra ao concluir o relatório das investigações sobre o quebra-quebra.

Entre os novos indiciados está o casal Joaquim Ribeiro, secretário nacional do MLST, e sua mulher, Gladys Rossi. Os dois reservaram o dormitório da Contag, no Núcleo Bandeirante, para cem militantes do MLST na véspera da invasão.

Para a PF, eles participaram da organização da invasão e vão responder pelos mesmos crimes imputados aos militantes envolvidos na baderna. Os outros 71 sem-terra foram indiciados porque participaram da reunião prévia em que foi planejada a invasão. Eles estavam entre os 582 presos depois da invasão.

¿É necessário que essas pessoas fiquem presas¿

Para a polícia, a participação na reunião e a presença no local da confusão são claros indicativos da responsabilidade de cada um deles na depredação da entrada do anexo II da Câmara.

Esse novo grupo de sem-terra foi indiciado pelos mesmos crimes imputados aos líderes da manifestação e estão sujeitos a penas que, se somadas, passam de 15 anos de prisão, segundo a PF. Os outros 42 sem-terra estão presos desde o dia 6.

¿ É necessário que essas pessoas fiquem presas para que elas não prejudiquem a instrução criminal ¿ afirmou Valmir Oliveira, delegado-executivo da Superintendência da PF em Brasília, chefe dos dois delegados que estão à frente do inquérito.