Título: SE A EMPRESA FALIR, `PACIÊNCIA¿
Autor: Erica Ribeiro e Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 21/06/2006, Economia, p. 20

Ministro da Defesa diz que governo fez tudo o que pôde

BRASÍLIA. A mobilização de órgãos reguladores e do Executivo para a montagem do plano de contingência em caso de paralisação da Varig e o anúncio de endurecimento nas negociações com credores públicos a partir de sábado revelam um fato consumado: a decisão política do governo Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo não intervir e salvar a empresa. A estratégia foi claramente expressa ontem pela manhã pelo ministro da Defesa, Waldir Pires, quando chegava para a série de reuniões com as aéreas concorrentes. Segundo ele, se a Varig falir, ¿paciência¿.

¿ O plano de contingenciamento, que está sendo estudado, acompanhado e reformulado, a cada passo tem que ser ágil e capaz de atender as pessoas. O que não desejamos que aconteça é que a Varig venha a falir, mas se isso ocorrer, paciência. As pessoas vivem e as pessoas morrem, assim também as empresas. Se for possível salvá-la, vamos tentar ¿ disse Pires.

Maior preocupação é com clientes no exterior

O governo manteve reuniões desde a segunda-feira sobre o agravamento da situação da Varig, com participação do próprio presidente Lula e de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. A orientação não mudou: o governo não vai empurrar a companhia para o abismo, mas tampouco sairá gratuitamente em seu socorro. A maior preocupação é com os passageiros no exterior e os transtornos para a aviação civil doméstica. Por isso, inclusive, foi decidida no Palácio do Planalto a criação imediata do gabinete de crise.

Indagado sobre a reação do presidente à decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, que cuida da recuperação judicial e homologou a venda da Varig aos trabalhadores, o ministro disse apenas que Lula está acompanhando o caso com atenção.

O ministro se disse contente com a decisão de Ayoub. Porém, não quis opinar se o NV Participações ¿ fundo formado pelos trabalhadores e investidores estrangeiros ainda não conhecidos ¿ terá condições para honrar o pagamento dos US$75 milhões como primeira parcela da compra. (Henrique Gomes Batista e Cristiane Jungblut)