Título: BR garante abastecimento de aviões da Varig até a próxima sexta-feira
Autor: Erica Ribeiro e Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 21/06/2006, Economia, p. 20

Infraero também decide esperar pelo pagamento de taxa de embarque

RIO e BRASÍLIA. A BR Distribuidora estendeu até sexta-feira o prazo para fornecimento de combustível à Varig. A negociação com a companhia incluiu mais uma vez recebíveis de cartões de crédito. A Copa do Mundo salvou a empresa, já que boa parte dos recebíveis são de passagens de torcedores que viajaram para a Alemanha.

Antes do anúncio oficial da BR, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, já havia fechado a negociação com a estatal e foi ao Tribunal de Justiça ontem para informar aos juízes que acompanham a recuperação da empresa sobre o novo prazo.

Assim como a BR Distribuidora, a Infraero ¿ que tem a receber da Varig R$600 milhões ¿ decidiu esperar pelo pagamento até sexta-feira. A partir de sábado, a autoridade aeroportuária só permitirá que aeronaves da Varig levantem vôo se o pagamento das taxas de embarque for feito à vista, mesmo que em cheque. Se os recursos não forem repassados, a Polícia Federal será acionada para manter os aviões em solo. A cobrança será feita sobre cada vôo e não no fim do dia, sobre todas as decolagens da Varig.

Nos últimos 28 dias, a Varig recebeu dos passageiros que compraram bilhetes ¿ mas não repassou à Infraero ¿ R$31 milhões em taxas de embarque. A estatal já levou a questão à Justiça e o Ministério Público solicitou à PF a abertura de inquérito.

¿ Apropriação indébita não se discute ¿ afirmou o brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero. ¿ Temos que ser mais fortes. Vamos cobrar a tarifa de cada vôo. Se não for paga, vamos colocar a Polícia Federal para evitar que o avião voe.

Pereira disse ainda que o Conselho de Administração da Infraero mantém a expectativa de reaver os R$31 milhões embolsados pela Varig. No entanto, ele se manteve cético em receber os R$600 milhões das demais dívidas da empresa, que estão no pacote de débitos do processo de recuperação judicial e cujo pagamento foi reescalonado em até 17 anos.

O presidente da Infraero explicou ainda que outra solução possível para o recebimento em dia das taxas de embarque seria a cobrança direta do consumidor. No entanto, Pereira reconheceu que esta saída é de difícil implementação:

¿ Seria um constrangimento muito grande e, além disso, os passageiros já pagaram (a taxa de embarque) na compra da passagem.