Título: EM CONVENÇÃO, PFL FAZ ATAQUES PESADOS A LULA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 22/06/2006, O País, p. 8

ACM radicaliza: `Lula é doutor na roubalheira, na incompetência e no cinismo. Temos de mostrar ao país o Lula ladrão¿

BRASÍLIA. Numa cerimônia esvaziada, o PFL fez ontem sua convenção para aprovar a aliança com o PSDB em torno da candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Os principais líderes pefelistas aproveitaram a convenção para dar prosseguimento à estratégia de atacar o governo e o presidente Lula. Nos bastidores, porém, as críticas acabaram voltadas à coordenação da campanha tucana e à falta de empenho do PSDB para resolver as divergências estaduais com o PFL. A convenção homologou o nome do senador pefelista José Jorge (PE) como vice de Alckmin.

A oito dias do fim do prazo para oficialização das coligações partidárias, os dois partidos só conseguiram se entender em 14 estados. Em 11, Alckmin terá de administrar dois palanques, em alguns casos com disputas acirradas entre os aliados. Apesar das dificuldades, os pefelistas ainda torcem por um acordo em Sergipe e no Distrito Federal.

Um dos estados onde há problemas é a Bahia

Um dos estados onde há problemas é a Bahia. Ontem, o governador Paulo Souto, candidato à reeleição pelo PFL, cobrou do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), uma atitude diante da ameaça do líder da bancada na Câmara, Jutahy Júnior, de lançar um candidato ao governo do estado para ajudar a candidatura do ex-prefeito Antonio Imbassahy ao Senado.

¿ De um modo geral, infelizmente, nossa aliança nacional com o PSDB tem sido dificultada pelas diferenças regionais ¿ disse Souto.

Para o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), além dos problemas regionais, está faltando agilidade na campanha de Alckmin:

¿ O candidato está precisando ser mais contundente diante dos fatos do dia-a-dia. Está na hora de Alckmin usar sua energia pessoal para solucionar os casos passíveis de solução nos estados.

Último a discursar, Alckmin minimizou as divergências.

¿ Celebramos hoje uma coligação muito importante de dois partidos que ajudaram a implantar o real, a criar a rede de proteção social, que estiveram na oposição e agora estão unidos num novo projeto de desenvolvimento para o Brasil. Isso nos dá bons palanques, bons companheiros e grande tempo de televisão para fazer uma boa campanha ¿ disse o candidato tucano.

Cláudio Lembo e João Alves não comparecem

Dois governadores pefelistas, Cláudio Lembo (SP) e João Alves (SE), não prestigiaram a convenção da aliança com o PSDB.

Nos ataques a Lula, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), citou os escândalos do governo petista, com ênfase na invasão da Câmara pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), cujo líder, Bruno Maranhão, é do PT.

¿ Política é obstinação e queremos nos declarar obstinados a impedir que a mentira e a chantagem prevaleçam neste país e que o presidente da República, conivente com corruptores, fuja ao debate sobre os escândalos e os crimes de seu infeliz governo ¿ disse Bornhausen.

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) foi ainda mais duro:

¿ O Brasil não agüenta mais essa situação em que o doutor Lula nos colocou. Lula é doutor na roubalheira, na incompetência e no cinismo. Temos de mostrar ao país o Lula ladrão.

O vice José Jorge, que semana passada acusou Lula de beber e não trabalhar, mostrou que vai tentar explorar ao máximo sua origem nordestina durante a campanha.

¿ Sou Nordeste. Sou um homem de luta, inconformado com a traição das elites egoístas do passado e com os populistas corruptos de todos os tempo. A praga que nos aflige é a traição de um conterrâneo mal aculturado no Sul que, chegando à Presidência, em vez de contribuir com a solução de nossos problemas trata o Nordeste como uma região com gente exótica e folclórica ¿ disparou o vice.

Alckmin entrou no clima e condenou especialmente o excesso de gastos da União e de estatais com publicidade para divulgar o que classificou de ¿mentiras políticas¿.

¿ A transnordestina, a transposição do Rio São Francisco, o banco popular, o programa do primeiro emprego e as estradas arrumadas não existem na realidade, só na publicidade. O presidente agora inaugura até pedra fundamental, obra sem terreno, sem edital de licitação. É a mentira política reiterada ¿ reclamou.