Título: EMISSORAS PROPÕEM PRAZO DE DEZ ANOS PARA IMPLANTAÇÃO DA TV DIGITAL
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 22/06/2006, Economia, p. 25

No período, sistema funcionaria simultaneamente com modelo analógico

BRASÍLIA. O prazo para que a TV digital seja implantada em todo o país deveria ser de dez anos, período de transição durante o qual funcionarão simultaneamente os sistemas digital e analógico. A proposta foi apresentada ontem pelas emissoras de TV na reunião com os ministros das Comunicações, Hélio Costa, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. No entanto, o governo defende um prazo de sete anos. Nos Estados Unidos, o prazo de transição foi fixado em dez anos, mas a mudança só foi concluída em 12 anos.

As emissoras acreditam ainda que as primeiras transmissões com a nova tecnologia poderão ser feitas seis meses após a escolha do padrão de TV digital. Esta data não foi oficialmente marcada, mas deve ser fixada em 29 de junho.

¿ O ministro e a ministra estão forçando para reduzir (o prazo de implantação) e as televisões estão preocupadas com tantos investimentos em tantas praças diferentes. Está se discutindo entre sete e dez anos. Dez anos como meta e horizonte para que se desligue o sistema analógico ¿ explicou o diretor-presidente da Rede Bandeirantes, Johny Saad.

Primeiras transmissões devem ocorrer em São Paulo

No início, as transmissões digitais seriam feitas em apenas duas cidades. A idéia, defendida por um dos técnicos presentes ao encontro, é começar as transmissões por São Paulo, depois Rio de Janeiro. No segundo ano poderiam ser incluídas Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. A sugestão é concentrar as primeiras transmissões, o que permitiria, em dois a três anos, transmitir o sinal digital para metade do país.

As emissoras solicitaram ainda ao governo uma linha de financiamento para a troca dos transmissores analógicos por digitais. Segundo o diretor-executivo do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Guilherme Stoliar, para a implantação da TV digital no período de dez anos precisarão ser trocados cinco mil transmissores, já que as emissoras chegam a 98% dos domicílios do país. Estes equipamentos custam de US$50 mil, os de baixa potência, a US$5 milhões, de alta potência.

Além dos transmissores, os cerca de 70 milhões de aparelhos de TV em funcionamento deverão ser trocados. Os consumidores poderão comprar novos televisores ou conversores, que transformam o sinal digital em analógico. Saad acredita que a indústria nacional deverá fornecer a totalidade dos conversores que serão usados no país e mais de 90% dos transmissores.

O governo vai ouvir agora a indústria, enquanto terminam as negociações com os representantes do consórcio do padrão de TV digital japonês, que deve ser escolhido como a tecnologia a ser adotada aqui, com incorporação de inovações nacionais. Stoliar disse que as emissoras esperam que o governo assine o decreto com a definição do padrão de TV digital o mais rápido possível.

Será formado um fórum ou consórcio permanente com representantes da indústria, pesquisadores e emissoras de TV que vão ao longo do tempo ajustar o sistema digital.