Título: PLANO DE EMERGÊNCIA TERÁ TRÊS ETAPAS
Autor: Erica Ribeiro, Geralda Doca e Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 23/06/2006, Economia, p. 24

Aéreas pequenas ainda disputam rotas internacionais da Varig com Anac

BRASÍLIA. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o setor aéreo já trabalham em um plano em caso de paralisação total das atividades da Varig. Segundo o diretor de operações de tráfego da BRA, Waldomiro Silva Junior, o plano terá três fases, com obrigações que devem ser cumpridas pelas empresas em 24 horas, 72 horas e dez dias. Não houve detalhamento, mas as empresas continuam em disputa com a Anac para conseguir as rotas da Varig definitivamente, sem ¿favor¿, como salientou o diretor da BRA.

Waldomiro disse ainda que não foi discutido o valor das passagens nos trechos da Varig assumidos pelas concorrentes e que a expectativa é que a tarifa fique a cargo das empresas.

¿ Cada empresa usará sua própria política de preços ¿ afirmou o diretor da BRA, depois de reunião do gabinete de crise criado para tratar da situação da Varig.

Presidente da BRA: ¿Quero em troca alguma coisa¿

O diretor da BRA afirmou que a empresa aérea que assumir uma rota internacional da Varig neste período emergencial ganhará o trecho definitivamente. Segundo Waldomiro, cada trecho poderá ser entregue a uma ou duas companhias e, caso isso ocorra, a empresa arcará com todos os custos dessa rota internacional.

A Anac não comenta esse assunto e desautorizou as empresas a falarem sobre isso.

¿ Não estamos distribuindo as rotas da Varig. Se alguma empresa estiver falando do plano de contingência está desautorizada, todos os presidentes me garantiram que não ia falar ¿ afirmou o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.

Essa situação, porém, confirma que há uma forte disputa entre a Anac e as empresas aéreas, e entre as grandes e as pequenas. Ontem pela manhã, o diretor da BRA mostrou esse descontentamento, sobretudo das empresas menores, com o plano de contingência da Anac:

¿- Enquanto a Varig não tiver uma definição, eu não posso transportar passageiros da Varig como um favor. Posso encaixar em outro vôo que já existe, não me custa nada, mas voar para um país para buscar passageiros da Varig eu só posso fazer se houver um colapso, se ela parar realmente. E eu quero em troca alguma coisa, como toda empresa quer.

Waldomiro lembrou ainda que, até o momento, não se está discutindo a transferência definitiva de rotas domésticas. A BRA, afirmou, é contra a realização de leilões para transferência das rotas da Varig.

¿ Se for decidido por leilão, vamos limitar ao poder econômico a dominação da aviação brasileira, e certamente as passagens vão ficar mais caras ¿ disse Waldomiro.

Possível alta de preços ainda não preocupa governo

Já TAM e Gol adotaram outra política: estão atendendo a todos os pedidos da Anac, tentando garantir algumas das rotas da Varig. As duas empresas anunciaram vôos extras para atender à demanda, inclusive arcando com os custos. Mas o duopólio que haverá em muitas cidades poderá acarretar alta do preço da passagem, o que, até o momento, não preocupa os órgãos governamentais.

¿ Vamos resolver primeiro a emergência, depois resolveremos a vida normal (como os preços) ¿ disse Zuanazzi.