Título: Pagamento em dinheiro à BR garante combustível à Varig até segunda-feira
Autor: Ramona Ordoñez e Henrique Gomes Batista
Fonte: O Globo, 24/06/2006, Economia, p. 26

Infraero só cobrará tarifas antecipadas por cada vôo a partir de 1º de julho

RIO e BRASÍLIA. A Varig conseguiu ontem mais fôlego, tanto por parte da BR Distribuidora como da Infraero. A companhia aérea negociou com a BR o fornecimento de combustível até segunda-feira, pagando por ele em dinheiro. Esse sistema começou na tarde de ontem, informou a presidente da BR, Maria das Graças Foster, ao explicar que os recebíveis (créditos da companhia aérea pela venda de passagens) dados pela Varig para o pagamento do combustível haviam terminado às 18h. A partir de então o pagamento tem de ser feito em dinheiro, via transferência eletrônica direta (TED).

¿ A Varig está pagando agora em dinheiro. Ela garantiu o pagamento via sistema eletrônico até segunda-feira ao meio-dia. Não estou sendo boazinha com a Varig como alguns falam, só fornecemos o combustível com pagamento. Não posso mais me expor à Varig ¿ afirmou a executiva.

A Infraero já notificou oficialmente a Varig que só permitirá a decolagem de aviões da companhia dos aeroportos nacionais a partir de 1º de julho com pagamento à vista das taxas de embarque dos passageiros de cada vôo. A empresa não está repassando as tarifas à estatal, e a dívida, somente nos últimos 30 dias, já passa de R$32 milhões.

A estatal, que administra os aeroportos do governo, estudava essa medida há alguns dias e a idéia era adotá-la a partir de hoje. Ontem, porém, a Infraero informou que a cobrança das tarifas a cada vôo entra em vigor dia 1º. Esse adiamento poderá ajudar na sobrevida da Varig por mais alguns dias, principalmente agora que voltou a haver indefinição sobre sua venda.

Presidente da Infraero já entrou na Justiça contra Varig

A Infraero ainda não decidiu se aceitará o pagamento dessas tarifas por meio de cheque. No início da semana a estatal afirmou que aceitaria os cheques da Varig, mas teria de ser um a cada vôo decolado.

As tarifas de embarque são recursos da Infraero recolhidos apenas pelas companhias aéreas. O presidente da estatal, brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que o que a Varig fez é apropriação indébita e que a Infraero já entrou na Justiça para cobrar os recursos da Varig.

Na última terça-feira, Pereira afirmou que se a Varig não repassar as tarifas de cada embarque, a estatal manterá os aviões no solo, recorrendo, para isso, à Polícia Federal.

A dívida total da Varig com a Infraero é de mais de R$600 milhões e inclui os valores devidos pelo uso de aeroportos e hangares, entre outras pendências. O presidente da estatal já afirmou não ter esperanças de receber essa dívida em sua totalidade.