Título: DESIGUALDADE DIMINUIU, MAS AINDA É UMA DAS PIORES DO MUNDO
Autor: Ilimar Franco e Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 25/06/2006, O País, p. 3
Crescimento econômico repetiu décadas passadas, mas distribuição de renda está melhor agora
Ao escolher o combate à desigualdade como alvo de sua campanha à reeleição, o presidente Lula atrela sua imagem a uma das principais conquistas de sua gestão e tira o foco de sua principal promessa de 2002, a retomada do crescimento. De carona na massificação dos programas de transferência de renda, nos aumentos reais do salário-mínimo e na recuperação do emprego formal, o nível de concentração de renda no Brasil acentuou, nos anos Lula, tendência de queda iniciada em 2001. Já a economia cresceu 2,6% ao ano, média quase idêntica à das duas décadas anteriores.
A desigualdade brasileira, uma das piores do planeta, caiu um pouco nos anos seguintes à implantação do Plano Real, em 1994. Manteve-se praticamente estável no fim dos anos 90, período que compreendeu as crises da Ásia e da Rússia e a desvalorização da moeda brasileira. No primeiro ano deste século, deu o primeiro sinal de recuo, tendência que se intensificou ¿ particularmente em 2004, quando o país teve seu maior crescimento em uma década.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não deixam dúvidas. De 2001 a 2004, o Índice de Gini calculado com base no rendimento total dos lares brasileiros saiu de 0,558 para 0,535. O Gini é um termômetro da desigualdade, com resultado que varia de zero a um. Quanto mais próximo de zero, menor a concentração de renda. É consenso entre os especialistas que o nível de desigualdade nos últimos anos mudou de patamar. Para melhor.
A desigualdade diminui tanto quando se compara o ganho dos domicílios quanto os rendimentos do trabalho. Mas ela caiu mais no primeiro critério, num indício dos efeitos dos programas de transferência de renda no orçamento dos brasileiros. Não é à toa que o Bolsa Família tornou-se a menina-dos-olhos do governo.
CHINA REPETE BRASIL DA DÉCADA DE 70, na página 34