Título: EMPRESAS MENORES OCUPAM ESPAÇO
Autor: Geralda Doca e Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 25/06/2006, Economia, p. 35

Companhias de Norte e Nordeste garantem mercado, sem interesse no Sul

BRASÍLIA. As empresas aéreas regionais já têm estratégia para marcar posição na nova configuração do mercado doméstico de aviação: ficarão bem longe do enfrentamento com as gigantes TAM e Gol pelo filé da malha aérea, a Região Centro-Sul. Com o encolhimento da Varig ¿ que tem hoje entre 5% e 10% de participação ¿ a maior parte das pequenas companhias decidiu apostar no fortalecimento das operações nas localidades onde já atuam, especialmente no Norte e no Nordeste brasileiros. A falta de fôlego financeiro é um dos principais motivos de cautela.

¿ A Gol e a TAM vão se especializar em grandes mercados e as regionais, em atender aos mercados de média e baixa intensidades ¿ avalia o presidente da Trip, José Mário Caprioli, cujos focos são as regiões Centro-Oeste e Amazônica.

Ele conta que a Trip só tem aviões de pequeno porte, entre 50 e 70 lugares. Além disso, acredita que a saída da Varig beneficia os competidores menores, pois a empresa atuava em alguns trechos regionais. O interesse por esse nicho é tanto que os planos da Trip são elevar a atual frota de oito para 15 aviões até o fim de 2007 e expandir suas freqüências e o número de rotas (34 cidades).

¿ Hoje as empresas regionais têm cerca de 2,5% do mercado total de aviação. Nos EUA e na Europa, a participação é de pelo menos 15% ¿ diz ele.

Uma das regionais mais fortes, a Rico Linhas Aéreas também tem planos de aumentar a freqüência de seus vôos, centrados na Região Norte. O presidente da empresa, Átila Yurtsever, adianta que não se interessa por rotas que a Varig ainda tem. Só com combustível, teria de desembolsar R$1 milhão ao mês para voar do Norte ao Sudeste.

¿ Por que eu vou largar meu mercado, com consumidores fiéis, para ir atrás de um mercado bem atendido? ¿ pergunta o presidente da Rico, que utiliza quatro aviões Boeing e quatro Brasília para atender a 15 cidades.

Na Abaeté Linhas Aéreas, que atua na Bahia, o chefe de Operações do grupo, Álvaro Guimarães, avalia que para implantar novas linhas seria necessário uma análise cuidadosa, para não criar linhas para que fatalmente darão prejuízo.

Com a longa agonia da Varig as empresas menores conquistaram rotas abandonadas. A Total Linhas Aéreas, com sede em Minas Gerais e 23 cidades atendidas, absorveu trechos como Carajás e Tucuruí entre o fim de 2005 e meados de 2005. Agora, a Total está de olho na rota Recife-Fernando de Noronha ainda operada pela Varig.

A TAF é outra que está ganhando mercado, como o de Fortaleza. Mas a empresa também não quer outras rotas abandonadas pela Varig.