Título: Um cabo eleitoral bem tucano na campanha carioca
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 26/06/2006, O País, p. 3

Aécio Neves usa tom ameno para falar de Lula

No dia em que o alto tucanato fez coro contra o presidente Lula em São Paulo, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, desembarcou no Rio para assumir a função de cabo eleitoral do candidato do PSDB ao governo do Estado do Rio, Eduardo Paes. Sobre Lula, um tom bem mais ameno do que o adotado pela cúpula do partido.

¿ Não pretendo fazer uma campanha atacando pessoalmente o presidente, mas mostrando que, para o Brasil, seria muito ruim mais quatro anos de um governo que se fragilizou, que perdeu seu núcleo central e que terá que ceder excessivamente a seus aliados.

Aécio afirmou que, com a realização das convenções, a disputa política começará de fato.

¿ Até aqui tivemos quase que um monólogo do presidente. Agora teremos todas as condições de enfrentar esse governo, mostrando com clareza que temos muito mais condições de permitir que o Brasil cresça ¿ disse, lembrando que tem laços com o Rio de Janeiro.

Aécio assumirá o papel de cabo eleitoral em outros estados, onde participará de campanhas tucanas. No Rio, o palanque do ex-governador está dividido. Juntos nacionalmente, PFL e PSDB enfrentam uma guerra fria, desde que Paes lançou sua candidatura. Ontem, o candidato não poupou o aliado nacional. O prefeito Cesar Maia (PFL) indicou o candidato a vice na chapa da deputada federal Denise Frossard (PPS), adversária de Paes. A arquiteta Maristela Kubitschek será candidata a vice e o ex-secretário Ronaldo Cezar Coelho concorrerá ao Senado.

¿ Essa é uma eleição difícil para o PSDB vencer, porque vai enfrentar três máquinas: a do estado, religiosa e a da prefeitura do Rio. Mas não escolhi entrar na política para ter vida fácil ¿ disse Paes, no discurso.

Em entrevista, mais tarde, o candidato mandou um recado para a cúpula do partido: as questões locais serão mais decisivas em sua campanha do que as nacionais.

¿ Ter o máximo de apoio ao Alckmin no Rio é fundamental para elegê-lo. Claro que tomarei muito cuidado com as companhias, mas ele tem toda a liberdade de andar com quem quiser. Isso no entanto não quer dizer que o Rio será submetido ao interesse nacional ¿ afirmou Paes, que acusou o casal Garotinho de fazer no estado uma ¿política mentirosa¿.