Título: INJEÇÃO COM VENENO QUASE MATOU MESHAAL
Autor: Geralda Doca e Luciana Casemiro
Fonte: O Globo, 26/06/2006, O Mundo, p. 16

DAMASCO. A primeira vez que o nome de Khaled Meshaal ocupou as páginas da imprensa internacional foi em 1997, quando o afamado serviço secreto externo de Israel, o Mossad, falhou numa tentativa de assassiná-lo em Amã, na Jordânia. Atacado com seringas cheias de veneno por dois agentes israelenses, Meshaal foi levado com vida para um hospital onde ficou agonizando. Sua sorte foi que a polícia jordaniana prendeu os agentes e o rei Hussein obrigou Israel a enviar o antídoto para o veneno em troca da libertação da dupla. Israel teve, ainda, de libertar o líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin, assassinado num ataque com mísseis em 2004.

Chefe político do Hamas desde então, Meshaal ¿ que passou pelo exílio também no Qatar e agora está em Damasco ¿ jurou não renunciar à violência como instrumento de luta contra a ocupação israelense dos territórios palestinos, considerada ilegal pela comunidade internacional. Dada a estrutura do Hamas, não se sabe a extensão do controle de Meshaal sobre a estrutura do grupo em Gaza, mas ele tem mantido uma influência importante desde que os radicais chegaram ao poder após as eleições em janeiro.

Sem as restrições impostas por Israel à movimentação dos líderes do Hamas, ele tem representado o grupo em encontros internacionais. Em fevereiro, após reuniões com autoridades egípcias e da Liga Árabe, no Cairo, ele disse que o grupo estaria disposto a dar passos sérios rumo à paz se Israel fizesse o mesmo.

Nascido em 1956 na aldeia de Silwad, perto de Ramallah, Meshaal foi junto com a família para o Kuwait ao encontro de seu pai após a ocupação da área por Israel em 1967. Na escola, ele se envolveu com a militância palestina e se uniu à Irmandade Muçulmana em 1971. Graduado em física, passou anos lecionando no Kuwait e se ligou ao Hamas a partir de sua fundação em 1987. Antes de tornar-se chefe, ajudou a levantar fundos para o grupo e a expandir suas ligações com o Irã e a Síria.