Título: Polícia reage e mata 13 em SP
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 27/06/2006, O País, p. 3

Um mês depois da onda de violência, criminosos planejavam morte de agentes

Um mês depois do fim dos ataques comandados por uma facção criminosa em São Paulo, a polícia matou ontem 13 pessoas ligadas à organização quando elas se preparavam para matar agentes penitenciários do Centro de Detenção Provisória (CDP) em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Outras cinco pessoas presas que trocaram tiros com policiais disseram que a ordem para os novos ataques partiu dos chefes da facção que estão em penitenciárias desde antes dos atentados ocorridos em maio. A intenção do grupo, formado por pelo menos 22 criminosos, seria matar entre cinco e 15 agentes em cada um dos quatro CDPs da região do ABC (São Bernardo do Campo, Santo André, Diadema e Mauá).

O plano, supostamente elaborado há dez dias, foi descoberto com a ajuda de policiais infiltrados entre criminosos, delatores e escuta telefônica autorizada pela Justiça. Segundo a polícia, o grupo tentou retomar os ataques para agradar à organização.

- Eles eram vistos como vergonha pelos chefes porque à época dos ataques não mataram suficientemente aqui na região. Então continuavam sendo cobrados para atacar mais. A ordem para matar partiu do alto escalão da facção - disse ontem o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Marco Antônio Novaes de Paula, que comandou a operação.

A polícia não descarta a hipótese de o grupo ter agido em obediência aos chefes da facção, que reclamam do rigor com o qual passaram a ser tratados nas penitenciárias após a série de ataques em maio.

- A severidade passou a ser maior - disse o delegado.

Quatro homens conseguiram fugir. Apenas um policial, que usava coletes à prova de balas, foi atingido, mas passa bem. A polícia apreendeu com o grupo sete revólveres, sete pistolas automáticas e uma espingarda.

Com a ajuda do serviço de inteligência, a Polícia Civil de São Bernardo do Campo passou a monitorar o que os criminosos falavam. Descobriu-se que o grupo tinha até hoje para executar o plano de assassinar os agentes de São Bernardo do Campo. Diante da informação de que eles agiriam ontem, a polícia destacou por volta das 3h30m cerca de 70 homens, que cercaram o CDP de São Bernardo.

Ordem para matar foi dada por mulher

Por volta das 5h30m, mais de 20 criminosos cercaram o CDP e ocuparam bares, pontos de ônibus e um posto de gasolina próximos. Às 6h, chegou ao local num ônibus o grupo de agentes penitenciários para render os que haviam trabalhado de madrugada.

Uma hora depois, com a saída dos primeiros agentes penitenciários, a polícia diz ter recebido, por radiotransmissores e microfones de longo alcance, a informação de que uma das mulheres do grupo dava a ordem para que começassem a "matar os três primeiros" agentes que saíam do CDP.

- Tínhamos ordem (do governo) para reprimir qualquer ação de pessoas que se dizem ligadas a essa facção - disse o delegado.

Cinco homens e uma mulher foram mortos numa troca de tiros dentro de um posto de gasolina. Outros dois criminosos morreram num ponto de ônibus para onde teriam ido à espera dos agentes penitenciários. Um criminoso foi morto numa rua próxima à cadeia. Mais três que conseguiram escapar num carro roubado foram parados por uma patrulha já em Diadema. Houve troca de tiros e os três foram mortos. A polícia tem informação de que quatro criminosos fugiram.

Diferentemente da demora do governo para divulgar a lista de mortos em maio, o delegado de São Bernardo do Campo se adiantou em dar os nomes dos mortos. Entre eles estão Evilson Rodrigues de Oliveira e Adriano Wilson dos Santos, envolvidos com tráfico de drogas e roubo de carga. Segundo a polícia, a maioria dos 13 mortos tinha passagem pela polícia.

Inclui o quadro: COMO FOI A AÇÃO POLICIAL