Título: GOVERNO ASSINA DIA 29 PADRÃO JAPONÊS DE TV DIGITAL COM INOVAÇÕES BRASILEIRAS
Autor: Cristiane Jungblut/Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 27/06/2006, Economia, p. 21

Escolha será formalizada em solenidade com a presença de ministro do Japão

BRASÍLIA. Agora é oficial: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina depois de amanhã, às 10h30m, no Palácio do Planalto, o decreto que vai determinar o padrão japonês como a base tecnológica do Sistema Brasileiro de TV Digital. O secretário de Imprensa da Presidência da República, André Singer, informou que haverá uma solenidade no Palácio do Planalto, com o ministro das Comunicações do Japão, Heizo Takenaka. Ele e seu colega brasileiro de pasta, Hélio Costa, darão os detalhes do empreendimento em entrevista coletiva.

O Sistema Brasileiro de TV Digital terá como base o padrão japonês, mas incluirá as inovações desenvolvidas pelos pesquisadores e centros científicos do país. As mais importantes são o mecanismo de interatividade - ponto fraco do modelo japonês - e a operação de um software para vídeo e áudio. O governo analisou três tecnologias de TV digital - japonesa (ISDB), americana (ATSC) e européia (DVB).

Primeiras transmissões serão em SP e no Rio de Janeiro

Nos próximos dois dias, o comitê de desenvolvimento da TV digital deverá se reunir para concluir os detalhes do anúncio. A previsão é que no prazo de quatro semanas seja criado um grupo de trabalho com representantes técnicos do Brasil e do Japão para estudar a transferência de tecnologia e a implantação do sistema.

Representantes do Brasil e do Japão estiveram reunidos na semana passada, quando foi fechado um acordo bilateral para a formação de mão-de-obra especializada e a transferência de tecnologia. Um dos itens que avançaram na negociação entre os dois países foi o que prevê a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil. O governo quer implantar, no prazo de cinco anos, toda a cadeia produtiva do setor no país.

O consumidor brasileiro deverá contar com os televisores e conversores digitais (caixinha que transformará o sinal digital em analógico) no máximo em 24 meses após o anúncio do padrão de TV digital. A expectativa de Costa é que o preço do conversor não ultrapasse os R$100. Ele não descarta a possibilidade de criação de linhas de financiamento ao consumidor para a compra deste equipamento. Poderão oferecer o crédito o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

As primeiras transmissões digitais deverão ser veiculadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. No segundo ano, o serviço estará presente em todas as capitais do país. Durante dez anos, as tecnologias digital e analógica deverão conviver. Este é o prazo para que as emissoras de TV ofereçam o novo serviço em todo o país. Para isso, as televisões terão que fazer investimentos para a troca de cinco mil transmissores. A perspectiva é que o BNDES e o JBIC (banco de fomento japonês) ofereçam linhas de crédito para o financiamento da indústria e das emissoras.