Título: PSB DIZ NÃO A LULA, QUE FICA COM MENOS TEMPO DE TV
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 28/06/2006, O País, p. 5

Com aliança mais frágil que a de 2002, petista terá menos espaço no horário eleitoral que o tucano Alckmin

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderá mesmo contar com o PSB para ter mais tempo na propaganda eleitoral na TV. O partido decidiu cancelar sua convenção nacional prevista para hoje e desta forma torna irreversível a decisão anterior de não fazer coligação formal para apoiar a reeleição de Lula.

Com a decisão, Lula deixa de ter um minuto e 50 segundos a mais na propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que se iniciará em 15 de agosto. O presidente terá cerca de seis minutos diários de propaganda, aproximadamente três minutos a menos que o tempo do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), informou que diante dessa decisão os socialistas não vão participar da coordenação da campanha pela reeleição do presidente Lula.

- Não vamos colocar em risco a sobrevivência do PSB. Ainda mais diante do esforço zero do PT para resolver nossos problemas políticos e eleitorais. O nosso partido, com uma bancada de 50 deputados, será mais importante no ano que vem do que o tempo de TV na campanha - disse o vice-líder do governo Lula, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).

Apoio político, mas não formal a Lula

A executiva do PSB divulgou em sua página na internet nota sobre decisão tomada no sábado, dia em que o presidente do partido, deputado Eduardo Campos (PE), levou o apoio político à reeleição do presidente Lula na convenção do PT. O texto diz que o PSB reitera apoio ao governo de Lula e à sua reeleição e manifesta o desejo de "contribuir com suas propostas com o programa de governo para o segundo mandato do presidente Lula, visando a aprofundar e a ampliar as conquistas já alcançadas no atual governo".

Os socialistas dizem que estão impedidos de "formalizar juridicamente aliança, para possibilitar às direções estaduais celebrar as coligações necessárias à superação da cláusula de barreira".

Com esta decisão, o presidente Lula disputará as eleições com uma coligação mais frágil do que nas eleições de 2002. Naquele pleito, o PT se coligou com o PL e o PCdoB, mas agora somente tem como aliado formal o PRB. O PCdoB realiza sua convenção amanhã.

A exemplo do PSB, os comunistas também têm problemas regionais para formalizar a aliança com os petistas, sendo a principal delas as eleições para o governo do Distrito Federal, onde o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (PCdoB) é candidato ao governo e tem entre seus adversários a deputada distrital petista Arlete Sampaio. Mas os dirigentes comunistas disseram ontem que, apesar disso, pretendem manter uma aliança com o PT e o presidente Lula, o que tem ocorrido desde as eleições presidenciais de 1989.