Título: DEPUTADOS ENFORCAM A SESSÃO APÓS JOGO DO BRASIL
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 28/06/2006, O País, p. 12

Baixo quórum impede votação de MPs que travam pauta

BRASÍLIA. Nem a ameaça de corte nos subsídios dos deputados garantiu na sessão de ontem quórum suficiente para votar as três medidas provisórias que trancam a pauta. Diferentemente do Senado, que realizou sessão apenas de debates de manhã, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), apostou no espírito público dos parlamentares e os convocou para uma sessão deliberativa na tarde de ontem, depois do jogo entre Brasil e Gana pela Copa.

Aldo foi criticado por deputados que compareceram à sessão e não conseguiram votar. Reclamaram nos microfones da Câmara o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), e Chico Alencar (PSOL-RJ), entre outros. Todos cobraram de Aldo e dos líderes partidários a necessidade de a Câmara retomar suas votações.

- Precisamos tomar cuidado, presidente! Temos andado muito na rua, e aqui faço um discurso independentemente de partido. Estamos sendo vistos como pessoas que não correspondem às expectativas da população - alertou Aleluia.

Alencar criticou:

- Numa gana, o presidente Aldo convoca sessão para depois do jogo e nós ficamos mal na tabela. Não precisávamos de mais esse desgaste.

Mais cedo, enrolada numa bandeira do Brasil, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) ocupou a tribuna do plenário vazio para criticar o pequeno número de vôos para seu estado, com o cancelamento das rotas da Varig. E justificou o uso da bandeira:

- Esta bandeira, que nos tem dado sorte em todos os jogos do Brasil, certamente nos dará sorte na campanha.

Durante toda a tarde o plenário permaneceu vazio. Apenas poucos deputados prestavam atenção aos oradores que ocupavam a tribuna. A sessão foi aberta depois das 16h, com 128 deputados na Câmara. Desses, 66 haviam registrado presença no plenário. Por volta das 19h, com o registro no painel de 231 deputados, Aldo assumiu a presidência e apelou, em vão, que os que estivessem em Brasília comparecessem ao plenário. Para iniciar uma votação é preciso quórum de 257 deputados.

Aldo insistiu em abrir a ordem do dia com apenas 243 deputados na Casa e foi confrontado por Miro Teixeira:

- Esta Casa, neste momento, não pode deliberar nada. Como pode iniciar a ordem do dia com esse quórum?

Aldo acabou capitulando, mas registrou seu protesto:

- A presidência não tem a intenção de impor votação a qualquer matéria, apenas tem que trabalhar. A presidência tem que se esforçar para que a Casa alcance o quórum.

Mais cedo, Aldo culpou a falta de entendimento entre governo e oposição pela paralisia nas votações da Casa.